As propostas para o meio ambiente do candidato Jair Bolsonaro (PSL) tem gerado reações no país e até fora dele. Favorito a vencer a eleição presidencial deste domingo (28), o candidato quase não aborda o tema em seu programa de Governo, mas tem falado publicamente em extinguir o Ministério do Meio Ambiente, afrouxar o controle sobre o desmatamento na Amazônia, em abandonar acordo internacional para redução de gases estufas. O presidenciável também critica reservas ambientais, indígenas, além de afirmar que vai acabar com o “ativismo ambiental xiita”.
Uma das reações mais contundentes veio dos ex-ministros do Meio Ambiente de 1992 a 2016. Em artigo intitulado “Não podemos desembarcar do mundo” publicado na Folha de São Paulo no último dia 22, os ex-ministros fazem duras críticas às propostas e ideias de Bolsonaro e alertam para o risco de isolamento político e prejuízos comerciais. E exortam o candidato a rever o posicionamento caso eleito.
Assinam o texto os ex-ministros José Goldemberg (1992), Rubens Ricupero (1993 a 1994), Gustavo Krause (1995 a 1998), Sarney Filho (1999 a 2002), José Carlos Carvalho (2002), Marina Silva (2003 a 2008), Carlos Minc (2008 a 2010), Isabela Teixeira (2010 a 2016).
As propostas de Bolsonaro tiveram reações negativas até de seus apoiadores e defensores do agronegócio. Caso do atual Ministro da Agricultura e um dos maiores produtores de soja do país, Blairo Maggi. Em declaração repercutida na imprensa nacional, Maggi disse que a fusão do Ministério da Agricultura com o de Meio Ambiente defendida pelo candidato “é algo perigoso de se fazer”.
A mais conhecida entidade de luta ambiental do mundo, o Greenpeace, também se manifestou publicamente contra as propostas. A ong é coautora nota divulgada no último dia 15 de outubro, assinada por cerca de 4 mil entidades da sociedade civil, criticando a fala do candidato de que deseja acabar com o ativismo no país.
O alerta também vem do campo científico. E em forma de estudo publicado no último dia 17 pelos pesquisadores brasileiros Aline Soterroni e Fernando Ramos, pelo norte americano Michael Obersteiner e pelo austríaco Stephen Polasky. Eles alertam que se Bolsonaro for eleito e manter as propostas, o desmatamento da Amazônia chegará a 256 mil km2 (quase seis vezes o tamanho do ES) em 10 anos, o que corresponde a um terço de tudo o que já foi derrubado da floresta no Brasil em 500 anos.
O estudo usou o mesmo modelo matemático aplicado para o Brasil assinar o Acordo de Paris, que visa a redução dos gases causadores do aquecimento global. Para os pesquisadores, se esse volume de desmate for confirmado, o Brasil terá perdido 1 milhão de km de floresta Amazônica, o que pode deflagrar o temido gatilho da savanização do bioma.