Política

PT aponta escalada do “fascismo” na Serra, prega renovação e lista possíveis candidatos à prefeitura

De acordo com o presidente municipal do PT, Miguel Júnior (foto), o partido vai ter candidato a prefeito da Serra. Crédito: divulgação.

Na tarde da última quarta-feira (29), o presidente municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), Miguel Júnior, acompanhado do advogado e militante histórico da sigla, Cleber Lanes, estiveram na sede do Jornal Tempo Novo. O objetivo da dupla foi revelar o cenário interno do PT e as tratativas rumo à eleição de 2024. Segundo ambos os petistas, o partido não vai abrir mão de lançar um candidato a prefeito na Serra. Além disso, a montagem de chapa para vereador já se iniciou. Outro item foi a avaliação a respeito dos movimentos da vereadora Elcimara Loureiro (atual PP), que tem se aproximado de muitas lideranças do PT.

De acordo com Miguel Júnior, o PT da Serra sempre contribuiu nos movimentos da geopolítica partidária na Grande Vitória. Por isso, disse o presidente municipal, a sigla eventualmente abriu mão de ter um candidato na Serra, objetivando a construção de alianças em outras cidades. Entretanto, para 2024, o PT da Serra tem a intenção de ser “protagonista” do processo eleitoral serrano.

O presidente municipal acredita que “a cidade está passando por um momento diferente”, do qual está aberta “uma janela de renovação” e é importante que o PT se posicione: “Tem muito tempo que a cidade não tem esse clima que estamos tendo hoje em relação à Audifax e Vidigal. Então, o Partido dos Trabalhadores está hoje convicto de que precisamos pautar a política da cidade. Temos o objetivo de construir uma unidade interna para disputar a Prefeitura em 2024 e uma chapa forte de vereadores para eleger uma boa bancada”, cravou Miguel Júnior.

A respeito de hipotéticos nomes dos quais o partido poderia lançar na Serra, Miguel listou alguns, tanto mandatários quanto militantes que não possuem mandato: “Hoje nós temos a deputada federal Jack Rocha, que foi eleita com 25% dos votos na Serra. Nós temos o Cleber Lanes, que foi candidato a vice-governador (2018). Temos o Reinaldo Centoducatte (ex-reitor da UFES); temos o ex-deputado estadual Roberto Carlos (atualmente assessor direto do senador Fabiano Contarato), e temos também o empreendedor e comunicador Ronaldo Cassundé. Estes são alguns, mas estamos em fase de construção ainda”, revelou. Cleber emendou afirmando que “Ronaldo Cassundé é oficialmente e o único colocado como pré-candidato”.

Tanto Miguel quanto Cleber afirmaram que o momento em que a Serra experimentou um dos melhores ciclos de desenvolvimento foi o período dos governos de Lula/Dilma na presidência. “Precisamos levar para a base e mostrar para a cidade que neste período de 2003 para cá, nos governos do Lula e da Dilma, os progressos que aconteceram na cidade vieram do Governo Federal, de um governo que agora retorna para o bem do Brasil”, disse Cleber Lanes. O advogado vai além, Cleber apontou uma escalada do “fascismo” que chegou à Serra promovida pela “extrema direita”, da qual desde a redemocratização do país estava “encubada e envergonhada”, mas que ganhou voz através do “advento do bolsonarismo”.

Cleber Lanes é advogado e foi candidato a vice-governador em 2018. Crédito: divulgação.

Cleber acredita que é “dever do PT” alertar, em especial, as “camadas mais vulneráveis da sociedade” sobre o que ele chamou de “destruição das conquistas populares”. E completa: “estamos vendo a direita avançando na cidade do mesmo jeito que está avançando no país inteiro. É uma onda de extrema direita que se opõe aos governos populares. A nossa democracia é jovem e precisa ser cuidada todos os dias. Veja, por exemplo, que por um lado, temos Audifax, que é um ator importante na cidade e cujos últimos movimentos o levaram para a extrema direita e, de certa forma, se isola. Vejo o Sérgio [Vidigal] que, ao invés de se articular com o centro e a esquerda, faz um movimento altamente conservador. Tem aí figuras como o [Pablo] Muribeca, Vandinho [Leite], [Alexandre] Xambinho; um vice-prefeito [Thiago Carreiro] e o próprio PL… todos fazendo um movimento de direita que não condiz com a história da Serra”, critica Lanes.

Questionado sobre a relação do PT da Serra com o público evangélico, Cleber afirmou que o partido prega a liberdade religiosa e historicamente sempre dialogou com os evangélicos, e citou a deputada carioca e líder evangélica Benedita Silva: “Os evangélicos são de extrema importância para a Serra, pois são eles que estão nas comunidades enfrentando todo tipo de violência, seja a violência urbana, bem como a violência contra a mulher, contra o negro e contra as minorias. Infelizmente, muita gente mal intencionada manipulou a fé para atacar e mentir sobre o PT, quando na verdade, quem criou a Lei de liberdade religiosa foi Lula”, citou Cleber.

O PT não tem veto a Elcimara, mas se a filiação ficar para março, pode “inviabilizar”

Da esquerda para direita: Iriny Lopes, deputada estadual (PT); Elcimara Loureiro , vereadora da Serra (PP); e Lourencia Riani, ex-vice prefeita (PT). Crédito: Leonardo Medeiros.

A vereadora da Serra Elcimara Loureiro vem dialogando com líderes do PT local e estadual; é um ‘namoro’ que se intensificou nas últimas semanas e aponta ela como uma possível incorporação ao PT. Sobre isso, Miguel e Cleber afirmaram não haver veto, porém acreditam que se for para se filiar somente em março [quando abre a janela partidária], as tratativas podem ser inviabilizadas.

“Esta semana eu conversei com a vereadora, a partir da matéria do Tempo Novo. Ela está entusiasmada para vir para o Partido dos Trabalhadores e tem as mesmas pautas progressistas que o PT defende; o sentimento que eu tenho dentro da direção partidária é de que não há veto na vinda dela, mas precisamos construir e tratar a entrada dela no PT e a saída dela do partido onde ela está [PP – Partido Progressista]. Mas se ela for esperar a janela [março de 2024], vai perder tempo nesse debate”, detalhou Miguel Júnior.

Perguntado pela reportagem se essa afirmação de que “pode perder tempo” caso a filiação fique para março significaria objetivamente a inviabilização da vereadora no PT, Cleber Lanes foi direto: “Sim. Mas é um nome que pode vir para o debate, inclusive para a chapa majoritária. A gente precisa tratar todo mundo com carinho; temos um apreço forte por ela, pelo mandato que está exercendo na cidade. O PT não tem veto, mas se for para março, vamos ser inviabilizados pelo tempo”. E finalizou: “se ela vier, vai encontrar um partido que não tem um vereador de mandato; ao final estará encontrando uma sigla atrativa neste ambiente de confusão partidária que tem por aí. E daqui a pouco vai todo mundo se pegar porque vão procurar um partido para se reeleger e não vão encontrar. Vai ser um caos. E o PT está sem vereador de mandato. Eu, no lugar dela, ficaria de olho no PT mesmo”.

Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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