Com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT) da Serra está animado e confiante, buscando superar um período de desafios locais na reestruturação no cenário político. Como resultado, na noite de terça-feira (16), o partido decidiu: haverá um candidato próprio à prefeitura da Serra nas eleições deste ano.
O favorito para a candidatura é o ex-deputado e ex-vereador Prof. Roberto Carlos. Entretanto, ainda há pontos a serem acertados no diálogo com a corrente interna Construindo um Novo Brasil (CNB), uma das maiores alas do PT. A CNB defende a candidatura da atual vereadora Elcimara Loureiro, mas iniciou negociações internas em busca de um consenso partidário para lançar uma candidatura sólida à prefeitura da Serra.
“Estamos em diálogo com o professor Roberto Carlos, que já apresentou seu nome, assim como a CNB com o nome da vereadora Elcimara. Estamos próximos de um consenso. Acredito que antes do Carnaval concluiremos”, disse Miguel Júnior, presidente municipal do PT. Ele também ressaltou que as articulações políticas na Serra contam com o apoio dos diretórios estadual e nacional: “Estamos dialogando em todos os níveis, inclusive com o diretório nacional. O candidato escolhido terá apoio total, sem restrições”. A reunião incluiu não apenas membros do PT, mas também representantes da Federação, que abrange PCdoB e PV.
Roberto Carlos, que atualmente atua como assessor parlamentar do senador Fabiano Contarato (PT), afirmou que sua pré-candidatura a prefeito da Serra está “muito bem encaminhada”. Ele mencionou que a decisão final depende apenas de “uma última conversa antes do Carnaval”. Na mesma linha de Miguel Júnior, o ex-deputado garantiu que o PT-Serra conta com o apoio e a anuência do diretório estadual para avançar com o projeto rumo à prefeitura: “[João] Coser, Helder, Iriny e Contarato estão engajados, faltando apenas a CNB definir sua posição, mas estamos próximos disso”, concluiu.
Por sua vez, a vereadora Elcimara confirmou que o PT está buscando um projeto consensual, sem divisões partidárias ou dificuldades internas. Ela enfatizou que seu nome permanece à disposição do partido, aguardando a decisão final da CNB.
Este cuidado em busca de um projeto de consenso tem uma explicação objetiva. Além de fortalecer e engajar o PT nas eleições, a seção da Serra pode se tornar menos suscetível às influências da geopolítica estadual. Em situações anteriores, a falta de articulação, a ausência de projetos e nomes locais resultaram no recuo de candidaturas próprias para atender às necessidades partidárias de alianças em outras cidades, especialmente na capital. Desta vez, parece que o partido está realmente comprometido com o desejo coletivo de desenvolver um projeto unânime.
O PT da Serra mantém uma relação relativamente estável com o atual prefeito, Sergio Vidigal, apesar de não participar formalmente da gestão. Além de Vidigal, que ainda não anunciou seus planos eleitorais, há outros dois nomes na disputa municipal: Audifax Barcelos, do PP, e o deputado Pablo Muribeca, do Republicanos.
Quanto a Audifax, o PT vê a impossibilidade de diálogo. Embora Audifax tenha começado sua carreira política no PT e tenha tido uma vice-prefeita do partido, Lourência Riani, em seu segundo mandato na prefeitura da Serra, sua virada à direita bolsonarista nas eleições de 2022 e o apoio ao candidato Carlos Manato no segundo turno das eleições estaduais encerraram qualquer chance de acordo com os petistas.
Muribeca é outro com quem o PT não deseja dialogar. Apesar do Republicanos compor o ‘Centrão’ e participar do Governo Lula em nível nacional, no Espírito Santo, a sigla tem uma inclinação mais à direita, além de Muribeca possuir um perfil desfavorável aos olhos do PT.
Dessa forma, diante do desgaste de parte do eleitorado com a alternância de poder entre Audifax e Vidigal nos últimos 30 anos, e considerando a ausência de um projeto local alinhado ao presidente Lula, o PT acredita que pode ocupar esse espaço como uma alternativa viável para essa parcela do eleitorado.
