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Quando a sociedade paga pela insegurança

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Não há como negar a força de trabalho, a dedicação e o foco do coronel Nylton Rodrigues à frente da Secretaria de Defesa Social. Antes de assumir a pasta, Nylton era o comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento no município. E foi o desempenho do militar que levou o prefeito Audifax Barcelos (PSB) a convidá-lo para o governo.

Junto com uma equipe de militares, o coronel trouxe polêmicas e indisposições. Uma delas, interna e de pouca repercussão pública, mas que vêm provocando críticas entre o funcionalismo municipal e usuários do Pró-Cidadão. Nylton mandou multar todos os veículos estacionados em vagas de deficientes, idosos e viaturas.

Apesar do estacionamento ser grande, não há numero suficiente de vagas comuns para atender a demanda. Outro problema é que as vagas especiais estão mal sinalizadas, levando muitos motoristas a estacionar onde dá sem perceber que ali não pode.

Diversos leitores já abordaram o jornal para pedir matérias sobre o assunto, todos com entendimento comum de que antes de começar a punir, o coronel deveria providenciar a demarcação das vagas, de forma a ficar claro o uso das mesmas. Multar do jeito que o local está deixa as pessoas atingidas revoltadas.

Outro foco de indignação que tem desgastado politicamente o prefeito Audifax é a lei que restringe o funcionamento de bares e casas noturnas na madrugada. Para ficar aberto depois de 01 hora, são necessárias uma série de medidas que, segundo empresários do setor, inviabilizam financeiramente a maior parte dos estabelecimentos.

A lei foi proposta sob o argumento de que bares, principalmente em bairros de periferia, são fonte considerável de criminalidade, com assassinatos, prostituição e tráfico de drogas. A lei foi sancionada e a fiscalização está sendo rigorosa: diversos estabelecimentos já foram fechados e seus donos multados.

Como se não bastasse, o coronel jogou nas ruas, semana passada, um balão de ensaio também muito polêmico: a proibição de carona em motos. O argumento é de que muitos homicídios são praticados por quem vai nas garupas.

Será Nylton o novo Rodney Miranda?

O coronel está invertendo as bolas. Boa parte da população já vive trancafiada dentro de casa ou condomínio com medo de assaltos em suas residências, enquanto bandidos estão livres. Agora penaliza as pessoas privando-as de momentos de descontração e de lazer nos bares e casas noturnas. E mais uma vez os bandidos soltos. Agora quer proibir carona em motos, ferindo o Código de Trânsito e o direito de ir e vir.

Será que depois de verificar a ineficácia das medidas na redução dos homicídios, Nylton vai propor a proibição de vendas de facas na cidade? É que depois das armas de fogo, as facas são os objetos mais usados nesses crimes.

A impressão que fica é a de que o coronel Nilton se inspirou no delegado de polícia Federal Rodney Miranda, que veio de Pernambuco para o Espírito Santo, ainda no primeiro mandato de Paulo Hartung, para ser secretário de Segurança, depois virou deputado estadual e agora prefeito de Vila Velha, mesmo sem ter comprovação que as suas ações tenham reduzido a violência no Estado.

Mesmo sem comprovação da eficácia das ações de Nylton, uma coisa é certa: com elas o coronel ganhou generosos espaços na imprensa. Bom demais para quem estava na caserna sem nenhuma visibilidade.

Provavelmente a próxima meta do coronel é tornar-se secretário de Segurança do Estado, uma vez que André Garcia dá sinais de esgotamento na função. Se isso vier a acontecer, pode separar uma cadeira para o coronel Nylton na próxima eleição de deputado estadual. Infelizmente o povo gosta desses estereótipos, cujo discurso é caracterizado pela repetição automática de um modelo copiado, desprovido de originalidade e adaptado a uma situação presente.

 

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