Quando o carro vira arma

Quando eu fiz autoescola lembro que o professor comentou sobre o artigo de uma revista científica que dizia: o trânsito é a relação mais estressante entre os seres humanos. 

Cada um dentro de seu veículo, preocupado com seus próprios horários e problemas. Um simples passeio pode virar uma guerra se o motorista quer fazer todo tipo de manobra para chegar mais rápido ao destino, distribuindo “elogios” para seus amigos nos outros veículos.

Não seria tão preocupante se o problema parasse por aí, mas esta guerra muitas vezes resulta em uma viagem sem volta, principalmente quando há imprudência e bebida alcóolica envolvidas.Nosso país continua liderando um ranking vergonhoso em número de acidentes de trânsito.  A causa na maioria dos casos é sempre a mesma: álcool.

Para minha monografia na faculdade de Direito, entrevistei meu professor de Direito Penal na época, o delegado Fabiano Contarato. Na conversa ele lembrou que existe uma pena de até seis anos para algumas infrações, e ninguém está preso.No Brasil a lei pouco conta, porque já está definido que um crime é mais “crime” do que outro, e o carro ainda não é visto como a arma que é.

Para os acidentes de trânsito, precisamos ter consciência de que todo instrumento na mão de um ser humano pode ter dois fins: o bem ou o mal. Tudo depende da responsabilidade de quem usa.

Acredito que os jovens devem ser conscientizados bem antes da autoescola, mas logo nas primeiras séries, enquanto eles ainda estão fascinados com seus carrinhos de brinquedos e vídeo games de velocidade.

Neste momento ainda na formação da consciência de cada um, eles aprenderiam que o carro não é um brinquedo, e quando chegar a vez deles, terão que refletir sempre antes de assumir a direção, se estão sóbrios, se estão preparados, e existindo qualquer dúvida devem desistir de dirigir, pois não vale a pena o passeio que pode ser sem volta para eles ou para outra família.