Por Clarice Poltronieri
Mesmo não sendo algo tão incomum, ainda há quem tenha preconceito com mulheres ao volante, ainda mais em ônibus. Na Serra, cresce o número de mulheres no volante dos coletivos e elas garantem que dão conta e rompem barreiras.
Almerinda do Rosário Cosme, de Valparaíso, é motorista há um ano e três meses e já passou por isso.
“Uma senhora deu sinal e parei. Quando ela me viu, disse que não ia subir porque era uma mulher. Sorri para ela e a convidei para passear comigo, dar uma volta. E ela entrou, mas só porque fui simpática. Ao descer, disse ‘Você está de parabéns, dá pau em muito homem e tirou meu preconceito’. Percebo que os mais idosos são os que têm mais medo”, afirma.
Ela passou por várias profissões, mas descobriu no volante sua paixão. “Já fui babá, diarista, operadora e fiscal de caixa e quase me formei professora, mas nada me preenchia. Depois virei cobradora de ônibus. Um dia cheguei em casa e disse que seria motorista. Com 17 dias, troquei minha habilitação, fiz o curso na empresa, de dia e à noite. Erámos oito, só eu de mulher e um desistiu dizendo que aquilo não era serviço de gente, que eu não ia aguentar. E hoje estou aqui”, frisa.
Outra motorista que já ouviu desconfiança de passageiros por ser mulher é Franciela de Araújo Werneck, de Central Carapina.
“Acontece o tempo todo, mas em geral são mulheres que têm receio. No meu primeiro dia como motorista, uma passageira disse que não ia entrar porque era uma mulher e não entrou. Hoje ela sempre vem comigo e disse que venceu seu preconceito. Mas há muitas também que acham legal mulheres assumirem cargos antes só ocupados por homens”, relata.
“Sempre sonhei em ser caminhoneira. Era vendedora de materiais de construção, virei cobradora de ônibus e fui atrás para me tornar motorista. Fiz um curso de um ano na empresa e seis meses de manobrista, de dia e à noite. E ainda quero lutar pelo meu sonho”, conclui.
As duas trabalham na empresa Unimar, da Serra, que tem seis mulheres em seu quadro de motoristas.