As ferrovias configuram uma das formas mais vantajosas para a logística, apesar do seu pouco destaque na engrenagem econômica brasileira. Contrário a essa tendência, a Serra se destaca por abrigar investidores que utilizam essa opção, uma vez que integra o corredor de uma das ferrovias mais importantes do país, a estrada de ferro Vitória-Minas (EFMV), administrada pela Vale, cortando seu território. No total, o movimento de cargas representa cerca de 45% do PIB Estadual.
Considerada a mais produtiva do Brasil, a ferrovia tem 905 quilômetros de extensão e transporta 40% de toda carga ferroviária do país. Por ela circulam pelo menos 60 tipos de produtos, como minério de ferro, aço, soja, carvão, calcário, entre outros.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Vale, só de minério de ferro, principal carga da ferrovia, 88,9 milhões de toneladas foram movimentadas no primeiro semestre de 2014. Considerando que no fim desse período o valor da tonelada do produto era de US$ 95, de acordo o The Steel Index (TSI), pode-se concluir que a movimentação gerou mais de R$ 8.3 bilhões em negócios.
A maior parte dos produtos tem como destino o Complexo Portuário de Tubarão, responsável por cerca de 9% do valor exportado e por 5% do valor importado pelo país.
Um milhão de passageiros
Além de operar no transporte de cargas, pela EFVM passa o único trem de passageiros do Brasil que percorre longas distâncias diariamente. Só em 2014, o trem, que faz o percurso entre o Espírito Santo e Minas Gerais diariamente, transportou quase um milhão de pessoas.
Às 7h, um trem parte de Cariacica, na região metropolitana de Vitória, Espírito Santo, e chega a Belo Horizonte, Minas Gerais, por volta de 20h10; no sentido inverso, um trem parte da capital mineira às 7h30 e encerra a viagem às 20h30. A Serra não conta com estação para passageiros e as mais próximas estão em Cariacica e Fundão.
Ferrovia fortalece as cidades do seu percurso
A malha ferroviária da Vale representa para a Serra uma grande vantagem e atrativo para novos investimentos, aliado à posição geográfica privilegiada e boa estrutura de logística da cidade. “Neste contexto, a economia e a rapidez do transporte ferroviário encontrados no município facilitam o escoamento da produção local, tornando nossas indústrias mais competitivas”, ressalta o Secretário de Desenvolvimento Econômico da Serra, Everaldo Colodetti.
Uma forma de atrair novas empresas à cidade, se beneficiando da estrada de ferro, é a possibilidade de integração entre os modais. “Aqui as ferrovias não estão isoladas, elas estão próximas de aeroporto, portos e rodovias importantes”, destaca Colodetti.
É exatamente o que acontece no Terminal Industrial e Multimodal da Serra (TIMS), localizado próximo a André Carloni, que possui uma estação de transbordo (conexão) com a EFMV, o que facilita o transporte de cargas entre trens e outros modais, como caminhões. O complexo conta com 69 empresas entre titulares e aninhadas, inclusive multinacionais, e muitas delas são de logística.
O economista e professor universitário Antônio Marcus Machado explica que para as empresas o custo benefício é positivo, pois através das ferrovias é possível transportar cargas pesadas, em grande quantidade, por um preço melhor. Ele explica que é um grande negócio para a economia e para os empresários, mas é preciso que os polos que mantém as estações invistam em amplos espaços e estacionamentos adequados. “Ganham as empresas e a cidade, com a geração de novos empregos e renda”.