O que está acontecendo? Aliás, porque tudo está, ao mesmo tempo, acontecendo? De repente bastou virar o calendário e o ano começou muito agitado. Guerra, intolerância e terrorismo no cenário internacional; e economia global e injusta. Crise, escândalos da corrupção do PT e da Petrobras; mudanças radicais e traiçoeiras do Governo federal nas relações com a sociedade, tão logo reempossada a presidenta reeleita.
Aqui no Estado permanece a dureza do discurso utilizado na eleição, tentando embaçar o desafio de não interromper o ritmo da administração pública e o desenvolvimento capixaba. E os efeitos da inversão térmica que assusta e causa estragos, com escassez de água, prejuízos na economia rural e alertas ambientais.
Ano de cenário tenebroso, de recessão econômica, desempregos e urubus voando baixo. Prato cheio para os arautos do Apocalipse, do caos, do fim dos tempos. Exageros à parte, 2015 promete ser revelador das mazelas acumuladas pela farsa das políticas equivocadas do Governo central.
A partir da taxa zero de crescimento do Produto Interno Bruto nacional, queda na balança de exportação, aumento dos índices de pobreza absoluta e descontrole nas contas públicas, a desconfiança se instalou inclusive dentro do condomínio PTPMDB, fragilizando a relação. A abertura do ano legislativo deu mostras disso. Reflexo da divisão dos votos na eleição nacional, as Casas do Congresso (Câmara e Senado) elegeram Mesas Diretoras longe de qualquer unanimidade.
A Polícia Federal detém extenso material colhido na quebra de sigilo telefônico, o Ministério Público Federal está ávido para apresentar novas e arrepiantes denúncias, e não mais da Petrobras, mas de corrupções noutras agências estatais, como BNDES, Eletrobras e outras. Sabese lá quantas e onde isso vai parar.
Além disso, os partidos políticos em oposição ao Governo petista cresceram e revigoraram a disputa pelos espaços de decisão em Brasília. Estão pautando a reforma política, o pacto federativo, orçamento impositivo e recusando a pauta de controle da imprensa como quer o PT.
Mas falta ainda a mobilização popular. E se houver, aí sim, se saberá o quê, quando e como o povo quer mudar.
Odmar Péricles Nascimento é sociólogo e analista político