A redução da produção de minério de ferro da Vale em 30 milhões de toneladas não afetou a maior cliente da mineradora no estado, a ArcelorMittal, e uma das prestadoras de serviço, a Usiminas. Pelo menos é o que dizem as empresas.
Desde o início de fevereiro, uma determinação judicial interrompeu as atividades da Vale em dez barragens em Minas Gerais, o que levou a empresa a declarar força-maior, quando não é possível cumprir contratos comerciais.
A mineradora estimou,à época, que haveria uma redução na produção de 30 toneladas de minério de ferro, quase 30% do total que é escoado pelos portos capixabas, que em 2017 foi de 102,2 milhões de toneladas.
A ArcelorMittal Tubarão informou, por meio de nota, que a empresa opera normalmente e de forma estável. Mas, na mesma nota, revela preocupação ao dizer que “acredita que a Vale conseguirá priorizar o mercado interno e seus clientes brasileiros”. A Arcelor compra pelotas de minério da Vale para a fabricação de placas de aço na usina de Tubarão.
Já a assessoria de imprensa da Usiminas não respondeu se haveria uma redução nas atividades da empresa, mas afirmou que está executando um projeto de montagem metalmecânica de um equipamento específico no Complexo de Tubarão para a Vale, onde trabalham 170 funcionários.
Miguel Ferreira Júnior, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do ES (Sintraconst) -entidade que apoiou a paralisação de funcionários da Usiminas na última semana -, disse que no estado ainda não foi percebida a redução na prestação de serviços da cadeia produtiva mínero-siderúrgica.
Sindicato diz que salários estão reduzindo, mas empresa nega
Na última segunda (11), funcionários da Usiminas, terceirizada que presta serviços à Vale, fizeram manifestação na entrada de Tubarão, em Carapina. Uma dos motivos é que a empresa paga salários 60% menores do que a média para as funções exigidas, segundo sindicato de trabalhadores.
Questionado se essa redução seria por conta de diminuição das atividades da Vale e, por consequência, da Usiminas, o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do ES (Sintraconst), Miguel Ferreira Júnior, explicou.
“A Usiminas contrata para um cargo de menor salário, mas exige do trabalhador uma função onde ele ganharia muito mais. Com isso, as perdas salariais chegam a 60%. Além disso, traz trabalhadores de fora, que aceitam se submeter a condições de trabalho semelhante à escravidão. Não dão alimentação nem alojamento; quando o funcionário adoece, o demitem, entre outras coisas. Tudo isso para oferecer um valor menor de serviço para a Vale e fecharem o contrato”, denuncia.
Miguel esclareceu que na terça (12) houve uma audiência, em que os trabalhadores se comprometeram a compensar as horas de trabalho paralisadas e conseguiram alguns benefícios, como a alimentação.
Por fim, disse que o Sintraconst não é o representante legal dos trabalhadores, mas que apoiou o movimento e o orientou, porque o representante legal dos trabalhadores, o Sindimetal, não fez sua parte.
A assessoria de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos (Sindimetal) disse que não comentaria o movimento grevista porque não participou da ação e não concorda com a mesma.
Já a Usiminas se defendeu, via assessoria, dizendo que “não procede a informação de redução de salário dos empregados e que vem cumprindo integralmente a Convenção Coletiva de Trabalho firmada em dezembro de 2018 entre os sindicatos dos empregados e patronal”
Destacou que “a paralisação realizada na segunda-feira não possui respaldo na legislação trabalhista e pretendia a aplicação de instrumento normativo firmado por categoria diferente dos empregados da Usiminas Mecânica”.