Por Bruno Lyra
A fumaça dos incêndios das turfas no entorno do Mestre Álvaro vem castigando não apenas a saúde, mas também o bolso da população dos bairro mais expostos. É que a cada vez que os problemas respiratórios decorrentes da fumaça levam o paciente ao médico, ele gasta com remédios e outros procedimentos.
(Fumaça faz bairro “sumir” e detona saúde de moradores)
Presidente da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo, a médica Ciléia Martins, atende no hospital Metropolitano em Laranjeiras e afirma que os casos de problemas respiratórios aumentaram muito nos últimos dias.
Segundo ela, em decorrência da inalação da fumaça das turfas. “Cada paciente gasta de R$ 150 a R$ 300 com medicamentos. São antibióticos, medicação tópica para casos de bronquites e anti-inflamatórios. Isso se não chegar ao nível de internação, onde a despesa aumenta”, explica.
Ciléia diz que a fumaça é composta por monóxido de carbono e enxofre e prejudica até quem não tem problemas respiratórios. Para quem já tem enfermidade respiratória a situação é mais complicada, podendo levar à internação na UTI e morte, em casos mais graves.
“Para quem não tem problema, podem surgir sangramentos nasais, conjuntivite química, laringites, rinite, tosse seca, rouquidão. Quem tem enfisema pulmonar ou alergias, pode desenvolver infecções, sinusites e crises de asma”, enumera.
A pneumologista acrescenta que a associação do pó preto da siderurgia com os gases da queimada agrava o quadro, o que explica o aumento de atendimentos na rede de saúde.
Público
Clinica Geral da Unidade de Sáude de José de Anchieta, Bianca Sales, disse que houve aumento da procura por atendimento no local por conta dos problemas respiratórios. O bairro fica na região mais próxima dos focos de incêndio e vem sendo duramente castigado pela fumaça.
Esperando para conseguir atendimento para o filho, Marlene Lopes Correa disse que sua família está sofrendo. Ela mora no bairro. “Meu filho está doente por conta da fumaça. Tenho muitos vizinhos e conhecidos na mesma situação”, relata.
No bairro vizinho, Jardim Tropical, não é diferente. Inês de Fátima esperava na manhã de ontem (26) atendimento na unidade de saúde do bairro por conta da dificuldade em respirar. Como ela, vários outros moradores da região.
Combate ao fogo
Até ontem (26) o Corpo de Bombeiros seguiu combatendo o fogo usando água da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Mulembá em Vitória. Desde domingo eles encharcam o solo com essa água.
A secretária de Meio Ambiente da Serra, Andreia Carvalho, disse que o município autorizou a implantação de aceiros e de uma estrada no meio das turfas para que os veículos dos bombeiros e carros-pipa cheguem até os focos.
Como a área é de terrenos alagáveis, Andréia disse que assim que o incêndio for extinto o aterro usado para fazer a estrada terá que ser removido. Ela acrescentou que não há risco da água da ETE de Vitória contaminar o solo e a água da região, pois lá tem um tratamento de esgoto melhor do que o das estações da Serra. Por isto não pega essa água nas ETEs da Serra.
Andreia disse ainda que além de dois carros pipa, funcionários da Prefeitura monitoram o incêndio e estão dando apoio aos Bombeiros.
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