Como o Brasil é um país de soluções tardias para os seus problemas e o Espírito Santo como ente federativo não é diferente, será preciso muito sofrimento dos moradores de Serra e Vitória, que penam com o pó preto impregnado no ar, fruto das atividades de Vale e da ArcelorMittal. Se for comprovado que muitas das mortes por complicações respiratórias estejam associadas ao problema, não será exagero que uma revolução coloque em xeque autoridades públicas e empresas.
Há décadas que moradores vêm reclamando dos malefícios do pó preto, principalmente em Jardim Camburi, Jardim da Penha, Ilha do Boi e do Frade, que são os mais atingidos e também mais organizados. Aqui na Serra quem sofre mais são os vizinhos de muro das duas empresas: Bairro de Fátima, Carapina I, Helio Ferraz, São Diogo, Novo Horizonte e Cidade Continental. Com um poder de articulação menor, eles reclamam menos. Porém o problema lá é violento. Há relatos de doenças respiratórias e alergias, sobretudo em crianças e idosos. Sem falar na sujeira das casas e depreciação de móveis e eletros.
Nos últimos três meses o assunto vem dominando as pautas dos jornais. Há uma percepção de agravamento da situação e o tema explodiu na Assembleia Legislativa, onde o deputado estadual Gilsinho Lopes (PR) vem há dois anos propondo a CPI do Pó Preto, para apurar as responsabilidades da Vale e da ArcelorMittal.
No Estado o único governador que tentou em vão ser mais rigoroso foi Max Mauro; os outros todos passaram as mãos sobre as cabeças dessas empresas em detrimento da população. O mesmo vale para as prefeituras da Serra e de Vitória.
O Estado perde a autonomia de uma fiscalização mais rigorosa em função do tamanho dessas empresas e da importância econômica delas nas finanças do Estado. Outro fato grave que inibe o Estado de exercer com imparcialidade e autonomia o seu papel fiscalizador é o fato dos órgãos ambientais (Seama e Iema) estarem localizados dentro de uma área que pertence a Vale em Cariacica.
Enquanto isso a população vai sofrendo, passando mal, e o sistema de saúde pública pagando a conta da poluição. Na Serra quem sofre mais são os vizinhos Bairro de Fátima, Carapina I, Helio Ferraz, São Diogo, Novo Horizonte e Cidade Continental.
O tiro pode sair pela culatra
O secretário de Segurança do Estado é o mesmo do governo passado, André Garcia, mas a política parece não ser a mesma, e o que está se vendo é o aumento da criminalidade nesses primeiros 40 dias do ano. A violência está generalizada: são muitos assassinatos, roubos, assaltos, balas perdidas, assaltos, arrastões e assassinatos dentro dos ônibus do sistema Transcol.
Enquanto os homicídios ficam restritos ao submundo do crime, na disputa entre quadrilhas de traficantes, é menos preocupante para a população, embora já seja algo grave. Mas quando ela passa essa fronteira e atinge as pessoas de bem, o pânico se instala. É para onde parece caminhar o Estado, particularmente a Grande Vitória.
Nesses 40 primeiros dias de 2015 já se viu de tudo dentro dos coletivos do Transcol: assassinatos a tiros, a facadas, brigas, roubo de cabelo e uma infinidade de assaltos e roubos à mão armada. É um fato grave, tendo em vista que o transporte coletivo é a única alternativa de transporte para a grande maioria de quem o utiliza. É quase um milhão de pessoas que diariamente não sabe o que vai acontecer na próxima parada ou até mesmo se retornam vivas para suas residências. Sem contar a tensão diária enfrentada pelos trabalhadores do sistema.
A sensação de insegurança aumentou de quarta (11) para cá com o anúncio do Governo de reduzir em 20% a circulação dos veículos da Polícia Militar a título de economia de combustíveis. Se com a frota toda nas ruas a violência parece fugir do controle, o temor é que a situação fique insuportável. A tentativa de gastar menos neste setor é um tiro arriscado que pode sair pela culatra.