Certas lembranças existem para nos fazer sofrer. Ou para que, sofrendo, reajamos.
Em 1999 os serranos amantes do futebol tinham finalmente motivo para comemorar. Acostumado a torcer para equipes do Rio de Janeiro, o serrano , enfim, batia no peito cheio de orgulho:
O Serra FC era campeão estadual com uma rodada de antecedência após derrotar o São Mateus por 1×0, gol do artilheiro Betinho.
Era noite de 15 de julho e o Engenheiro Araripe, lotado, viu a uma verdadeira explosão de alegria dos orgulhosos serranos. Ainda naquela noite, e rompendo a madrugada, os atletas desfilaram em carro aberto pelas ruas de Serra Sede.
A euforia tomou conta da cidade. Participei nos dois momentos naquela noite. Sempre que podia acompanhava os jogos do Serra. O time campeão contava com os seguintes atletas, entre outros: Cláudio Márcio; Carlinhos, Silvério, Cavalini e Alex Passos; Juninho (atual prefeito de Cariacica), Leco, Gerson e Geovani (ex-Vasco e Seleção Brasileira); Joelson e Betinho. Bons tempos. O motivo de tanto saudosismo, explico: Inconformidade maiúscula.
O Tricolor Serrano cinco vezes campeão da primeira divisão do Capixabão (1999,2003,2004,2005 e 2008), rebaixado em 2012 amarga inacreditável ostracismo sem que nenhuma voz se levante em protesto à situação constrangedora. Cadê a vibrante e aguerrida torcida Cobra-Coral? O futebol no Espírito Santo dispensa comentários.
Estado não consegue sair da Série D e um dos principais problemas certamente tem a ver com a falta de profissionalismo do setor. No entanto, pode ficar ainda pior se não houver mobilização por parte dos amantes do esporte. O ocaso do Serra FC não pode ser aceito com tanta complacência. Não podemos aceitar um patrimônio da cidade ser tratado com tanto descaso.