Nunca na história da humanidade houve tanto acesso a informação. Também, nunca antes foi tão fácil se comunicar com outras pessoas, mesmo aquelas que estão geograficamente distante de nós. A velocidade com a qual os dados e voz circulam é outra característica que impressiona.
Principalmente para a geração que viveu a era pré World Wide Web (a famosa www que precede os endereços eletrônicos), as mudanças nos padrões de comunicação foram intensas e têm se mostrado ambíguas.
Contraditoriamente, da mesma forma que serve para aproximar pessoas distantes no espaço, tem contribuído para afastar outras que frequentam os mesmos ambientes – no trabalho, na escola, na igreja, no bairro, etc. Esse afastamento é constantemente alimentado por discórdias, que não raro, têm sua fonte em disputas políticas – como aconteceu e acontece entre os partidários de Dilma vs. Aécio; os ‘coxinhas’ vs. ‘pão com mortadela’; defensores de Hartung vs. Casagrande; Audifax vs. Vidigal. Por vezes os ataques são tão pessoalizados e agressivos, que impedem uma recomposição futura.
Discordar de argumentos é tarefa eminentemente da política. Na luta pela apropriação dos meios de dominação, os grupos se enfrentam dentro de parâmetros que norteiam as ações legalmente e moralmente possíveis. A partir da exposição do contraditório e da disposição em construir alternativas sociais são alcançados novos patamares no trato das relações sociais. O que se tem visto, entretanto, é a exposição de uma crítica que não permite qualquer recomposição futura. As construções de discursos furiosos, fundados em opiniões previamente formadas, expõem não só o argumento em si mesmo, como também personaliza o ataque.
As redes sociais que deveriam estar à disposição da sociedade para construir pontes entre as pessoas, estão construindo muros entre as relações. Claro que isso não é culpa das tecnologias, mas sim de como as estamos utilizando. Porém, provavelmente, muito do que é escrito no facebook dificilmente seria dito – pelo menos com a mesma ênfase – se as relações fossem face a face.