Clarice Poltronieri
A reforma do Ensino Médio no Brasil vem dando o que falar entre profissionais da educação e estudantes na Serra, sobretudo por abrir espaço para o fim das aulas de disciplinas tradicionais como geografia e história. E também por permitir que o aluno opte por qual área quer estudar em parte do curso: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais e Formação Técnica Profissional.
Prevê também o aumento gradual da carga horária anual de 800h para 1400h. Para o presidente da União Municipal dos Estudantes da Serra (Emes), Harley de Andrade Brito Junior, os alunos vão perder com a reforma.
“Esta reforma sendo feita por medida provisória, sem ser debatida pelos profissionais de educação, entidades estudantis e alunos. Outra coisa é que cada estudante escolhe uma das áreas para se aprofundar, mas as escolas não vão oferecer todas. Cada unidade só precisa ter dois desses campos e se o aluno escolher uma área que não tem no seu bairro ou cidade, será obrigado a fazer o que não quer. Ou se deslocar para longe”, argumenta.
Para a Secretária de Educação da Serra, Márcia Lamas, as mudanças não irão impactar a rede municipal, que só oferta Ensino Fundamental. “Precisamos de uma reformulação a ideia de educação integral com o aluno podendo optar por áreas que ele gosta é ótima. Mas ficam dúvidas: em tempos de crise e corte, o governo vai conseguir investir para isso? Haverá vagas para todos? E depois dos 4 anos que o governo vai financiar, os estados terão condições de manter?”, questiona.
O coordenador do curso de Informática para Internet do Ifes e Doutor em Educação, Wagner Caldas, não vê a reforma com bons olhos. Ele disse que a implantação no Ifes será prorrogada o quanto puder. A previsão é que seja implantada na instituição a partir de 2020.
Gerente da Assessoria de Currículo da Secretaria de Estado de Educação (Sedu), João Paulo Derocy Cêpa, diz que a reforma deve chegar a rede estadual em 2019. E diferente dos colegas, vê mais pontos positivos que negativos. “O aluno vai ter mais tempo para estar em contato com conhecimentos,com a ampliação da carga horária; e vai poder escolher a matéria de acordo com suas aptidões, com a flexibilidade do currículo”, enumera.
O professor da rede municipal da Serra e de Vitória, doutor em Educação e Práticas Educacionais Inclusivas, João Simplício Porto, diz que mudanças são necessárias, mas é preciso mais debate.
“Precisamos de uma reestruturação no Ensino Médio, isso é um fato. A discussão deveria ser bem mais ampla e regionalizada. Se olharmos o mapa, por exemplo da Base Nacional Curricular Comum, os especialistas convocados se concentram na Região Sudeste. Assim, todo o Ensino Médio terá um descompensamento cultural e não abraçará a diversidade de um país continental”, pondera.