Ana Paula Bonelli
Barracas erguidas no meio da mata e estruturas de acampamento com fogão, camas, pias e até casas de pau a pique. Isso tudo no Mestre Álvaro, que é uma Área de Proteção Ambiental (APA).
De acordo com ativistas ambientais que conhecem a região e não terão o nome divulgado por questões de segurança, a ocupação está ocorrendo numa área remota a cerca de 400 metros de altitude na vertente do morro, que fica na direção do bairro Pitanga.
Um desses ativistas, conta que a ocupação começou com um pastor há cerca de dois anos, mas aumentou nos últimos nove meses. “São religiosos que vão lá para orar. Um pastor fez barraca em 2015 e ficou morando no local, mas saiu em 2016 por conta da seca, pois ficou sem água. Mas há nove meses ele está no morro de forma sistemática e depois disso vários outras barracas surgiram, cerca de 10. Inclusive uma das barracas virou casa com paredes de barro”, acrescenta.
Segundo esse ativista, são duas horas de caminhada do bairro Pitanga para chegar ao local. “Os religiosos dizem que estão ali como propósito de Deus. Mas estão desmatando, usando árvores nativas para fazer as barracas, fazendo cocô e xixi próximo a nascentes. Não sei se caçam, não vi marcas dessa atividade”, conta
Além de ser o ponto mais alto da Serra e conservar cerca de 800 hectares de mata Atlântica, o Mestre Álvaro é casa de animais e plantas silvestres ameaçados. Podem ser encontrados na APA, bicho-preguiça, macacos, serpentes, capivara, lontra, cachorro-do-mato, tamanduá e pássaros. E tem cerca de 40 nascentes que alimentam as lagoas Jacuném, Juara e manguezais do Lameirão.
A reportagem não conseguiu contato com as pessoas que participam da ocupação. E a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), responsável pela gestão da Apa, por meio de sua assessoria de imprensa não informou se há irregularidade. Apenas confirmou que o local é usado por pessoas religiosas para a realização de cultos e disse que fará uma vistoria no local.
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