Um movimento de religiões de matriz africana na Serra, está pedindo a reativação ou reconstrução do Monumento a Yemanjá na Praça Encontro das Águas, em Jacaraípe. O monumento foi inaugurado em 1977 pela União Espírita Capixaba (hoje inativa), mas atualmente está desativado e em total desuso, sendo alvo de vândalos.
Yemanjá é uma divindade da religião afro-brasileira e é considerada a Rainha do Mar. O Monumento a Yemanjá em Jacaraípe é um importante ponto de referência para as religiões de matriz africana e tem um significado cultural e religioso para a comunidade do candomblé, umbanda, ifá e quimbanda.
A partir deste domingo (14) começa um movimento em prol da construção do monumento histórico religioso. O evento ‘Candomblé! Você conhece? Uma pequena passagem pela história!’ será a partir das 10 horas, na Praça Encontro das Águas e contará com palestras sobre a religião com diversas autoridades no assunto.
Entre os convidados confirmados estão Tat’etu Jerdam que será Mestre de Cerimônia; o Bàbálóòrisà Rodrigo, que discursará sobre o candomblé; Bàbálóòrisà Marcelo Benikan que falará sobre ‘O candomblé de Áláketú’; Mam’etu Néia, que fará uma palestra sobre o candomblé de Angola, além da Egbon Ana Carolina que vai compartilhar seu conhecimento sobre os direitos constitucionais de povos de terreiros e ainda Luiz Augusto com o tema ‘Juventude nos terreiros’ e a zeladora Yara Marina que terá a missão de falar sobre mulheres nos terreiros. Também estarão presentes o Mejitó David que falará sobre o candomblé de D’jèjí e o Bàbálóòrisà Sandro, discursando sobre o candomblé Fòn.
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O evento também terá apresentações culturais com artistas da região como capoeira, samba de roda e congo.
Entre os organizadores do movimento está o morador de Jacaraípe, Egbon Brasinha de Oxossi que conta com apoio do Bàbálóòrisà Rodrigo de Ogum.
“A reconstrução, reativação ou reforma do monumento permitiria que as religiões de matriz africana realizem seus rituais e celebrações no local, além de promover a valorização da cultura afro-brasileira e da diversidade religiosa. Os pais de santos e as pessoas que querem prestar homenagem a Rainha do Mar, poderiam fazer isto aqui mesmo na Serra, ao invés de ter que ir a Vitória”, disse Brasinha.
Os candomblecistas querem também que uma imagem da divindade seja colocada no local. “Uma estátua como se tem em Camburi com cerca de cinco metros, poderia ser fixada em cima do próprio monumento ou em algum dos dois piers. Estas reuniões e eventos são para sentarmos e estudarmos qual seria o melhor caminho para reativar o monumento que faz parte da história da Serra há mais 40 anos”.
Brasinha revelou que somente de Feu Rosa à Costa Bela são mais de 30 terreiros de matriz africana.
O Monumento a Yemanjá foi inaugurado há 46 anos e sua última reforma foi realizada em 2007, 30 anos após sua inauguração. Na época, quem tomava conta do espaço era o falecido Orlando Santos, então presidente da Unescap, que se encontra hoje inativa. Falecido em 2013, desde então, o local vem sendo vandalizado e está fechado, sem nenhuma programação ou visitação. O monumento tem pouco mais de 30 metros quadrados.
O espaço foi construído em um local que representa a junção das águas do rio e do mar, simbolizando a importância da divindade para a comunidade pesqueira de Jacaraípe.
O movimento está se organizando para realizar uma série de atividades e manifestações para chamar a atenção das autoridades locais e solicitar a reativação do Monumento a Yemanjá. Eles acreditam que o retorno do monumento seria um importante passo para a promoção da cultura afro-brasileira e da tolerância religiosa na região.