Por Eci Scardini
Desde 1º de janeiro de 2017, a Serra vem protagonizando momentos de muita tensão na esfera política, com desdobramentos na administração municipal. Começou com uma sessão tumultuada, que elegeu a vereadora afastada Neidia Pimentel para a presidência da Câmara. De lá para cá, a política do município não foi mais a mesma e praticamente a cada seis meses um novo round acontece para abalar quem vive na política e também para enlamear o nome da cidade em todo o estado.
Esse de agora é o mais grave de todos, pois atravessou os limites do Legislativo, indo de encontro ao poder Executivo. Como sempre, o caso foi bater as portas do Judiciário e, novamente, é travada uma guerra entre os dois grupos em busca de liminares para fazer valer os interesses e direitos de cada parte.
É possível que as cabeças pensantes da Câmara Municipal, juntamente com alguns atores que se movem de forma oculta nos meandros do nosso Legislativo, tenham subestimado a obstinação do prefeito Audifax Barcelos em defender o seu mandato e, concomitante, a sua honra.
Audifax partiu para o contra-ataque com a fúria de um titã e surpreendeu o mercado. A retórica dos vereadores de apurar supostas fraudes fiscais na prefeitura da Serra – que no primeiro momento agradou o público – perdeu força diante da retórica do prefeito de que o crime organizado, que perdurou por 12 anos na política capixaba, está ressurgindo na cidade, ganhou as ruas e, aos poucos, vai sufocando o discurso dos adversários.
Um organograma com nomes de pessoas ligadas à era Gratz ocupando cargos importantes na Câmara e a vinculação de outros nomes que operam no Legislativo de forma oculta acendeu o sinal amarelo no meio político capixaba e fez com que muita gente graúda ligasse suas antenas. Afinal, trata-se de um passado nebuloso que julgavam estar sepultado.
O caso está longe de terminar; muitas verdades e factóides poderão surgir a qualquer momento. Existem incendiários alimentando a fogueira com combustíveis, mas há também muitos bombeiros tentando apagar a mesma.
O povo, que é o álibi de todos os políticos, não merece passar por essa fogueira.