Por Bruno Lyra
A agenda ambiental sumiu nesta eleição. Na tensa corrida presidencial, o assunto passa praticamente batido. A exceção de Marina Silva, que tocou na questão energética e da Amazônia. Interessante é que dentre os candidatos competitivos, é a que mais vem perdendo espaço.
Na corrida ao Palácio Anchieta, a questão ambiental também não tem tido relevância no discurso e no marketing eleitoral. O mesmo vale para candidaturas ao Senado, Câmara e Assembleia Legislativa.
Não é fortuita a ausência de um assunto que já foi mais trabalhado em eleições passadas. Coincide com a onda neoconservadora e reacionária que ascende no mundo. O Brasil não é exceção. O tema Meio Ambiente vem levando tanta pancada que não parece saudável para as candidaturas exporem isso em 2018.
Se em meados da década de 2000 o Brasil conseguiu frear a destruição da Amazônia, depois, contraditoriamente, as questões ambientais viraram sinônimo de burocracia. Na sequência vieram as mudanças legais que enfraqueceram a proteção a natureza, há inclusive projeto de lei no Congresso para acabar com licenciamento ambiental.
No mundo, cresce a voz dos que negam o aquecimento global. Emblemática a saída dos EUA do acordo de Paris. Enquanto isso, no Brasil, doenças erradicadas voltam com a negativa de pessoas em tomar vacina. O que diria Copérnico vendo gente defender que a Terra é plana em pleno século XXI?
E o que dizer dos brasileiros que mataram macacos durante o surto de febre amarela, apesar do alerta de que os bichos não são vetores, mas sentinelas da doença? A sensibilidade humana para a questão ambiental, depois de um breve florescer nas décadas passadas, está retrocedendo.
A moda é o discurso de segurança que topa até abrir mão de direitos civis e valores democráticos. Se não cabe nessa narrativa nem as pessoas mais pobres, imagine o meio ambiente.
Que no caso da Serra, vai mal. Rios, lagoas e praias poluídos por esgoto. Reservas ambientais abandonadas e até reduzidas, caso da Apa Mestre Álvaro. Cinturões verdes e alagados sendo ocupados. Política de coleta de lixo e entulho estacionada. E até os rios que abastecem a cidade, o Santa Maria e o Reis Magos, negligenciados como se fossem qualquer coisa.