Na manhã desta terça feira (03), o TEMPO NOVO esteve nas obras de restauração das ruínas da igreja de São José do Queimado, na zona rural do município, e palco da maior revolta contra a escravidão ocorrida no Espírito Santo, a Insurreição do Queimado.
A notícia é boa. As obras estão bastante adiantadas e serão entregues no dia 19 de março – quinta-feira, às 9 horas, data em que se comemora o 171º aniversário da revolta ocorrida em 19 de março de 1849.
Um reboco à moda da arquitetura da época foi aplicado na parte interna das paredes e ajudará a conservá-las. Estruturas de ferro foram instaladas para reforçar as ruínas. Também de ferro, foram colocadas escada e plataforma no interior da nave para que visitantes possam ver melhor o espaço. Dois totens que devem receber placas com informações sobre a vila e a insurreição já foram erguidos na parte externa.
A fachada, que havia deteriorado com o tempo, foi recuperada com estrutura de ferro. O piso foi reparado e uma pequena escadaria de pedra, harmonizada com a estrutura original do sítio histórico, também foi erguida para facilitar o acesso. A igreja não terá cobertura e funcionará como museu a céu aberto.
As intervenções no local estão sendo bancadas pela iniciativa privada, por meio do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades), no valor de R$ 1,3 milhão. As obras estão sob supervisão do Instituto Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), autarquia do Governo Federal. Já a Prefeitura da Serra dá apoio institucional ao projeto e promete manter vigilância no local após o término das obras.
As melhorias não incluem o cemitério da vila, que fica aos fundos da igreja.
Para o TEMPO NOVO a Prefeitura da Serra disse que depois da entregas obras que estão nos retoques finais, o agendamento de visitas para escolas, faculdades e grupos será realizado por meio da Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setur), que vai disponibilizar, na próxima semana, um telefone e um link no site da prefeitura para este fim.
Além do restauro, foi realizada pesquisa arqueológica, em que foram encontrados pedaços de prato, jarras e azulejos. Existe, também, o projeto de incluir a história do Queimado num circuito turístico para fomentar o turismo histórico, além de incluir ações educativas envolvendo o ensino fundamental, tanto municipal quanto particular. A iniciativa deve ser gerida pela Prefeitura da Serra.
De acordo com a Fundação Palmares, ligada ao Governo Federal, a Insurreição do Queimado foi o principal movimento contra a escravidão ocorrido no Espírito Santo. Contam os pesquisadores que a revolta nasceu de uma promessa não concretizada de liberdade, feita pelo frei italiano Gregório José Maria de Bene aos escravos da localidade de São José do Queimado, hoje distrito na zona rural da Serra.
Considerado defensor dos ideais de liberdade, o missionário tinha interesses políticos em construir uma igreja na região, e teria garantido a negociação da alforria com os donos de fazendas, em troca da construção do templo pelos escravos. Há relatos de que o frei não teria garantido nada, e, sim, prometido interceder junto aos fazendeiros para obter a concessão da alforria. Consta, ainda, que ele realmente não admitia a escravidão e que teria estabelecido uma estreita ligação com os escravos, o que preocupava e contrariava quem usava a mão de obra escrava para enriquecer.
O fato é que o não cumprimento do que fora interpretado como uma promessa deflagrou uma rebelião. Relatos de descendentes dos sobreviventes apontam que mais de 300 homens, mulheres e até crianças manifestaram o inconformismo – afinal, a igreja fora entregue pronta antes do dia de São José, conforme combinado, e resultara de muito tempo de árduo trabalho. Conta-se, também, que o templo foi construído com pedras divididas por tamanhos, e carregadas por longas distâncias e subidas íngremes; as pedras pequenas, do tamanho de um punho, eram destinadas às crianças, algumas com apenas seis anos de idade.
O movimento foi marcado por extrema violência, especialmente na contenção, por parte da Polícia da Província, e durou cinco dias, até a prisão de seu principal líder, Eliziário Rangel. A maioria dos revoltosos foi assassinada.
Alguns sobreviventes foram para o município de Cariacica, onde fundaram o Quilombo de Roda d’ Água. Além de Eliziário, os outros líderes foram Francisco de São José (o “Chico Prego”) e João Monteiro (o “João da Viúva”). Chico Prego e João da Viúva foram enforcados, mas Eliziário protagonizou uma lendária fuga – saiu pela porta da cela deixada aberta –, no que foi considerado pelos escravos como um milagre atribuído a Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo. Na verdade, o carcereiro, penalizado com os maus tratos impostos aos negros, confessou, depois, ter facilitado a fuga.
Elisiário tornou-se uma lenda para os negros que sonhavam com a liberdade, e foi alcunhado como o “Zumbi da Serra”, em alusão ao herói do Quilombo dos Palmares. Chico Prego ganhou estátua em uma praça no município da Serra, e seu nome batiza a Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
A Vila de Queimado era entreposto para a navegação fluvial entre Vitória e Santa Leopoldina no século XIX. Com o declínio da navegação no rio Santa Maria no século XX, a Vila foi paulatinamente perdendo moradores até ficar abandonada. A mata Atlântica então foi se recuperando e envolvendo o local onde hoje estão as ruínas da igreja e cemitério.
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