Categories: Meio Ambiente

Rio está quase seco e Serra pode ficar sem água

Situação do rio Santa Maria nesta terça (29) no ponto de captação da Cesan no distrito do Queimado, área rural da Serra. Foto: Bruno Lyra

Por Bruno Lyra

A seca que não dá trégua já ameaça novamente o abastecimento da Serra, de parte de Vitória, das indústrias e outras empresas instaladas na zona norte da região metropolitana, incluindo as gigantes Vale e ArcelorMittal Tubarão.

É que o rio Santa Maria está novamente no nível crítico (veja vídeo), com uma vazão inferior a quatro mil litros por segundo, situação que já havia acontecido nos primeiros meses do ano e que tinha sido amenizada com as chuvas que caíram entre o final do outono e os primeiros dias do inverno.

Segundo a última medição da Agência Estadual de Recursos Hídricos feita no último dia 22 de setembro, a vazão do rio era de 3,8 mil litros por segundo, valor que já está no nível considerado crítico. Mas de lá para cá a situação pode ter piorado, já que não choveu e o calor aumentou.

Tanto que no ponto de captação no distrito do Queimado, região rural da Serra, quase toda água que descia das montanhas nesta terça (29) era retida pela Cesan. Pouca coisa era liberada para a baía de Vitória, num cenário parecido com fevereiro/março deste ano, quando o governo deflagrou ações para conter a escassez.

Para se ter ideia da gravidade, a média histórica de vazão do rio Santa Maria é quase cinco vezes maior que a vazão atual: 14 mil litros por segundo.

Há três semanas, o diretor da Agência Estadual de Recursos Hídricos, Paulo Paim, garantiu que há água para abastecer a porção da Grande Vitória (incluindo parte de Cariacica e Praia Grande em Fundão) atendida pelo rio até fevereiro de 2016 caso não chova até lá.

Segundo Paim, essa água está reservada na represa da hidrelétrica de Rio Bonito em Santa Maria de Jetibá. O pedido para que a EDP, responsável pela hidrelétrica, priorizasse a reservação de água ao invés da geração de energia, foi uma das medidas anunciadas pelo Governo do estado nos primeiros meses do ano para encarar a crise hídrica.

“Podemos garantir essa água até fevereiro para abastecimento residencial. Não dá para garantir às indústrias”, advertiu Paim na ocasião. A situação pode piorar o cenário para Vale e ArcelorMittal Tubarão, as duas maiores consumidoras do Santa Maria.

Desde fevereiro, também por determinação do governo, as duas gigantes tiveram o fornecimento reduzido. A Arcelor de 850 litros para 600 litros por segundo e a Vale de 380 litros para cerca de 100 litros por segundo. Os dados são da presidente da Cesan, Denise Cadete. Além do complexo de Tubarão, o Santa Maria atende também aos 11 polos industriais da Serra, incluindo os Cvit’s, TIMS e Piracema.

Rio Jucu

O sul da região metropolitana, que engloba Vila Velha, Cariacica, e a ilha de Vitória – cerca deum milhão da habitantes, também é preocupante: 6,1 mil litros por segundo. O nível crítico é 5,2 mil litros. Isto também medido no último dia 22 de setembro. Vale lembrar que a média histórica do Jucu é pouco mais de 25 mil litros por segundo.

Governo anuncia R$ 1,3 bilhão para garantir abastecimento

O governo do Estado conseguiu nesta segunda (28) o empréstimo de R$ 925 milhões junto ao Banco Mundial para investir em obras de saneamento e para combater a seca. O empréstimo foi acertado em Brasília durante encontro do governador Paulo Hartung (PMDB) com o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy e o diretor do Banco Mundial no Brasil, Martin Raizer.

Paulo Hartung, Joaquim Levy e Martin Raizer em encontro que acertou empréstimo para saneamento e combate à seca. Foto: Divulgação / Ministério da Fazenda

Outros R$ 400 milhões serão investidos pela Cesan. Segundo Hartung o dinheiro, que somado o montante que a Cesan vai colocar totaliza R$ 1,35 bilhão, será investido em recuperação de cobertura florestal, ampliação dos serviços de esgoto, engenharia para diminuir o desperdício no sistema de distribuição e melhorar o abastecimento.

Hatung ressaltou que uma das prioridades é a bacia do rio Santa Maria da Vitória, que abastece a Serra.

Um dos investimentos já anunciados pelo governo para reforçar o abastecimento da Serra são as obras de captação, tratamento e distribuição de água do rio Reis Magos. Projeto estimado em R$ 89 milhões e que, na melhor das hipóteses, só deve reforçar o abastecimento em meados de 2017, data prevista para a finalização das obras e início da operação do sistema.

Espera-se cerca de 500 litros por segundo a mais para a cidade e a região beneficiada será a Serra – sede.

 

Redação Jornal Tempo Novo

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