Por Bruno Lyra
A Serra, que é a maior cidade capixaba com cerca de 470 mil moradores e dona do principal parque logístico e industrial do Estado, corre risco de ficar sem água. É que sua única fonte, o rio Santa Maria da Vitória está secando. Se a estiagem persistir, a zona norte de Vitória onde estão bairros como Jardim Camburi, Goiabeiras e Jardim da Penha, além de parte de Cariacica e o balneário de Praia Grande em Fundão, também podem ficar de torneiras secas.
Todas essas localidades são abastecidas pelo Santa Maria que está com apenas 3,5 mil litros por segundo de vazão, o que é 10% da média histórica para janeiro. Desses, 3 mil estão sendo captados pela Cesan para abastecer a população e as indústrias, restando apenas um pequeno fio d´água que segue para os manguezais do Lameirão em Vitória.
Segundo o diretor da Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), Róbson Monteiro, a situação também é muito ruim no Jucu, que abastece pouco mais de 1 milhão de pessoas em Cariacica, Vila Velha e os bairros da ilha de Vitória. “O Jucu está um pouco mais confortável com 6,4 mil litros por segundo, 14% do esperado para época. A situação do Santa Maria é pior”, ressalta.
Por enquanto sem rodízio nem aumento da conta
Por conta da situação o governo estadual emitiu um alerta de escassez hídrica nesta terça (27) contendo uma série de medidas para evitar que a população fique sem água. Mas por enquanto não considera as opções de rodízio, nem sobretaxa para frear o consumo, embora não descarte esta última caso a crise se agrave.
Quanto ao Santa Maria, Róbson disse que se não chover nos próximos dias o rio não terá mais vazão no trecho onde é feita a captação, na região do sítio histórico do Queimado, entre Serra e Cariacica, e a baía de Vitória.
“É possível acontecer pois o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural) diz que só deve chover 10 milímetros nos próximos dias. É quase nada diante do que precisamos”, revela.
Produção industrial pode ser atingida
Dentre as medidas apontadas pelo governo do estado está a redução da água que a Cesan repassa a Vale e Arcelor, que é cerca
de 1/3 dos 3 mil litros captados no Santa Maria. As duas siderúrgicas são as maiores consumidoras individuais de água da Grande Vitória.
Róbson não adiantou o tamanho dessa redução, disse que isso será acordado entre a Cesan e as empresas. E acrescentou que indústrias menores também devem ser atingidas, assim como a irrigação e criação de peixes e camarões nas áreas rurais.
“A prioridade é garantir água para as pessoas e a dessedentação de animais, conforme prevê a legislação. Empresas como Vale e Arcelor podem usar a água das Estações de Tratamento de Esgoto da Cesan”, diz.
Questionado como isto poderia ser viabilizado, já que não existe tubulação levando essa água para o Complexo de Tubarão, Róbson argumentou ser possível com uso de carros pipa.
Pior cenário
O governo não quis adiantar a projeção de quanto tempo levará para rios da Grande Vitória secarem completamene caso não chova. Também não disse como procederá caso isso aconteça. E não descarta usar os rio Reis Magos e o rio Doce se for necessário.
Mas Robson observou que para buscar água nesses rios são necessárias obras complexas que não podem ser concluídas a curto prazo. “Faltam dois meses para acabar o que deveria ser a estação chuvosa, então temos esperança que a chuva venha e amenize um pouco”, diz.
O diretor da Agência disse ainda que o governo planeja construir 34 represas para funcionar como reservatório nos próximos anos em todo o ES.
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