Mestre Álvaro

Ronaldo Cassundé (PT): “Eu sou o pré-candidato a prefeito do Presidente Lula na Serra

Ronaldo Cassundé é único pré candidato a prefeito da Serra, formal do PT. Crédito: divulgação.

O jornalista, publicitário e membro de uma família de comerciantes diz está pronto para liderar a frente democrática e antifascista na maior cidade do ES. Veja entrevista:

Há um consenso a respeito de uma candidatura a prefeito da Serra?

Há consenso de que o PT deve trabalhar para exercer o protagonismo que marca a trajetória da nossa agremiação na Serra.  O PT da Serra já chegou a ter três vereadores numa única legislatura e elegeu bancada para a Câmara Municipal na grande maioria dos pleitos desde a redemocratização. Já elegemos deputados estaduais e chegamos a ter um vice-governador, que depois foi eleito deputado federal. Além disso, o PT já teve uma vice-prefeita.

Então isso é um sim?

É um sim. Vivenciamos um cenário ímpar no qual o prefeito Sérvio Vidigal tem verbalizado ser muito grande a possibilidade dele não concorrer ao seu quinto mandato. Isso significa que, até o momento, o PT é o único partido da base do Governo Lula na Serra a declarar publicamente que terá candidatura própria à prefeitura em 2024. É consensual que devemos garantir um palanque municipal de unidade das forças democráticas que fizeram campanha para o Presidente Lula em 2022, seja no primeiro ou no segundo turno, e/ou estão juntas sustentando o Governo de Reconstrução Nacional. Meu nome foi acatado pelo Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) como pré-candidato a prefeito pelo PT e estou pronto para encabeçar a frente antifascista na Serra.

O que é esse GTE?

Um grupo formado de várias correntes sob a coordenação do presidente municipal, que é o nosso valoroso companheiro Miguel Júnior. O papel do GTE é refletir sobre o cenário político da cidade, buscando construir posições de consenso que sirvam de subsídios à Executiva Municipal do PT, em torno de três eixos prioritários: (1) elaboração do programa de unidade democrática e antifascista, para evitar retrocessos e garantir que nossa cidade possa avançar de forma humanizada, inovadora e sustentável;  (2) montagem de uma chapa proporcional equilibrada e competitiva, que assegure o retorno do PT à Câmara Municipal e (3) construção de uma chapa majoritária para disputar a prefeitura da Serra.

E como estão as articulações com os demais partidos?

Será encaminhado em diálogo democrático e permanente com os demais partidos da nossa federação, que são o PV e o PC do B. É aquela história: “aliança partidária só é boa quando é boa pra todo mundo”. Estamos assumindo o compromisso de combinar tudo com nossos parceiros federados e com os demais partidos da frente democrática que forem chegando para somar forças.

Seu nome está pacificado dentro do PT Serra como pré-candidato a Prefeito?

Meu nome apareceu, primeiramente, numa lista de lideranças que poderiam cumprir a tarefa de disputar a prefeitura em 2024. O presidente do PT fez uma consulta junto aos demais nomes cotados, e até o momento, somente eu confirmei oficialmente que sou pré-candidato à prefeitura da Serra.

‘Ronaldo Cassundé’, no que pesa ser ser conhecido nome no meio político, é um estreante nas urnas. Faz um resumo da sua trajetória de militância política e atuação profissional…

Eu sou filho de um casal de microempresários com quase meio século de atividade na praça comercial do nosso município: Seu Luiz Cassundé e Dona Maria Cassaro, donos do Bazar São Luiz, conhecido como a “lojinha que bate botões e vende varas de anzol”, localizado em frente ao Supermercado Falqueto, no Centro da Serra.

Quase meio século? Pegou então a Serra agrária…

Chegamos no bairro Vista da Serra 1 na década de 1970. Eu tinha 03 anos. Não havia infraestrutura, minha mãe passava roupa no ferro a carvão, porque a energia na comunidade só chegou alguns anos depois. Fui alfabetizado na primeira turma do “Colégio Alba Lília”, pela saudosa professora Luiza Barbosa, Presidenta municipal do PC do B e militante histórica do movimento popular da Serra,  falecida em 2018.  

E como entrou na política?

Meu primeiro contato foi através das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), chegando a ser Coordenador da Pastoral da Juventude na Área da Serra Sede.  Eu comecei a trabalhar muito cedo. Ainda era adolescente, no início da década de 1990, quando minha carteira foi assinada como balconista no material de construção de um irmão do meu pai. Em 1995, com 20 anos, ingressei no curso de Comunicação Social da UFES e logo me tornei líder estudantil, com atuação intensa no Diretório Central dos Estudantes (DCE) e na União Nacional dos Estudantes (UNE). Depois, fiz Pós Graduação em Gestão Municipal de Políticas Públicas (FDV) e Mestrado em História Social das Relações Políticas (UFES).

É sabido de sua atuação no movimento popular também… ainda continua com essa pegada?

No movimento popular, fui diretor da Federação das Associações de Moradores da Serra (FAMES), eleito no Congresso de 2003. Atualmente, coordeno o Movimento Democracia Empreendedora, que mobiliza micros e pequenos empresários na luta contra o fascismo. Há cerca de quatro anos, fui idealizador e sócio do Torresmeira Botequim Raíz, em Colina de Laranjeiras, onde resido. Esse empreendimento parou de funcionar no início de 2023 (eu já tinha passado minha parte no negócio), devido ainda aos impactos da pandemia sobre o setor de bares e restaurantes. Desde que me formei na UFES, há 23 anos, alterno minhas atividades profissionais, principalmente, entre a assessoria política (pessoa física) e a consultoria de comunicação estratégica (pessoa jurídica). Fui coordenador do último mandato da deputada estadual Brice Bragato (2003/07) e, atualmente, componho a equipe do deputado João Coser na Assembleia Legislativa.

Em sua opinião, mesmo tendo a possibilidade de ter Audifax e Vidigal na mesma eleição, é possível ter espaço para uma alternativa?

Como eu disse anteriormente, estamos levando em consideração o cenário eleitoral concreto esboçado até o momento. Nele, o prefeito Sérgio Vidigal afirma que, muito provavelmente, não será candidato à reeleição em 2024. Sou um analista político experiente e tenho motivos para acreditar que ele não está blefando.

E quais seriam esses motivos?

O Dr. Sérgio disse no palanque durante o último pleito municipal que não tinha interesse em buscar o quinto mandato e repetiu isso em recente entrevista, após os resultados eleitorais do ano passado terem sido insatisfatórios para o PDT. Portanto, há um enorme vazio na política da Serra, no que se refere ao campo que sustenta o Governo de Reconstrução Nacional do Presidente Lula. Como diz uma velha máxima: “em política não existe vácuo, se o vácuo surge, alguém logo ocupa”. Eu sou o pré-candidato a prefeito do Presidente Lula na Serra.

Você acredita que o PT consegue quebrar esse ciclo de quase 30 anos?

O melhor debate não é sobre mudança de nomes na política. Isso abre caminho para um demagogo qualquer fazer o discurso da pseudo renovação. Há casos em que o gestor experiente continua sendo uma opção bem melhor do que o aventureiro demagogo. Nós vamos propor um novo ciclo de políticas públicas: vibrante, renovado e capaz de fazer as condições de vida da nossa gente melhorar ao invés de piorar. Noutras palavras, nossa missão primária é impedir que o município descambe para o retrocesso. Essa ameaça é real caso a Prefeitura caia nas mãos de alguém da extrema-direita. Eu sou contra as polêmicas alimentadas por demagogia, fake news e bravatas histriônicas carregadas de preconceito. Mas jamais vou deixar de pautar aquelas baseadas na “análise concreta da realidade concreta”, como diria o camarada Lenin, líder da Revolução Russa (risos).

E Audifax?

Afirmo que um dos desafios das forças democráticas e antifascistas do município da Serra é barrar a volta do ex-prefeito Audifax Barcelos à Prefeitura. Ele capitulou à extrema-direita nas eleições de 2022 e agora compõe o campo do bolsonarismo, que abriga a escória da política brasileira.

Há um número expressivo de candidaturas de direita, posso citar aqui partidos e políticos que se mobilizam nesse sentido: PL, Pablo Muribca, Vandinho Leite, Xambinho e aqui podemos incluir também Audifax. O PT pretende liderar um polo progressista e unir as demais siglas de esquerda em torno de um projeto alinhado com o Governo Federal?

Quando consideramos apenas os votos que os candidatos proporcionais de PT, PSOL e PC do B tiveram no município da Serra nas últimas eleições, chegamos a aproximadamente 15% do eleitorado do município. O deputado João Coser, por exemplo, que é ex-prefeito de Vitória, teve quase 10 mil votos na cidade. Da mesma forma que a expressiva votação obtida pela companheira Jack Rocha na Serra foi decisiva para ela conquistar o mandato de deputada federal. Por outro lado, o ex-prefeito Audifax Barcelos, porta-voz de uma ala reacionária, não passou do modesto terceiro lugar na corrida pelo Governo do Estado. Enquanto a primeira dama Sueli Vidigal, concorrendo por um partido do campo democrático, o PDT, não conseguiu carimbar o passaporte para a Câmara Federal, embora tenha tido boa votação na cidade.

Mas fazendo um parênteses, Lula terminou em segundo lugar na Serra, o que isso significa?

É verdade que o companheiro Lula ficou em segundo lugar na Serra, após ter vencido todas as votações anteriores por aqui, desde 1989. Mesmo assim, o atual Presidente do Brasil teve uma votação gigantesca, principalmente no segundo turno, ficando pouco atrás do líder fascista que concorria à reeleição. Ou seja, em nível local, a polarização entre as forças democráticas lideradas pela esquerda versus os representantes das teses fascistas abrigados na extrema direita foi tão acirrada quanto nacionalmente. Com um “quase empate” que se reverterá a nosso favor, agora que o povo já respira novos ares, encantando-se com os bons resultados do Governo Lula. Conclusão: Trabalhando com antecedência e muito planejamento, como estamos fazendo, e garantindo a unidade da base do Governo Lula no município, é absolutamente possível o PT chegar ao segundo turno e disputar pra valer a prefeitura da Serra.  

A Serra pode novamente ser utilizada como ‘moeda de troca’ na eleição de Vitória? (que ocorreu em diversas eleições)?

Objetivamente: para garantirmos a candidatura a Prefeito do PT da Serra, nosso desafio imediato é realizar uma pré-campanha que transmita força e segurança para as direções estadual e nacional do PT. Estamos decididos a mostrar que reunimos todas as condições para disputar e vencer as eleições municipais. Não me agrada o termo “moeda de troca”.  Soa pejorativo. O que existe no Brasil é uma tradição de alianças que abarca um jogo legítimo de compensações, no qual o Partido que encabeça a chapa numa determinada cidade apoia um aliado noutra cidade de peso equivalente. Não há nada de ilegítimo nisso, é até democrático.  

Tudo bem, mesmo com essa diferença de terminologia, fato é que a influência da geopolítica de Vitória é muito grande na Serra ; como você vê isso como pré-candidato?

Essa dinâmica de arranjos compensatórios de uma cidade para outra, que no Espírito Santo ficou conhecida como “alianças da geopolítica”, já levou o PT da Serra a abrir mão de disputar a prefeitura para que nosso Partido pudesse encabeçar uma frente de aliados mais competitiva na capital, por exemplo. Vale destacar que, como desfecho destas alianças, o Partido dos Trabalhadores ocupou espaços importantes na gestão municipal da cidade, contribuindo decisivamente para os avanços que a Serra vivenciou a partir da segunda metade da década de 1990. Agora, nossa missão é vanguardear um novo ciclo de políticas públicas, que precisa ser vibrante, modernizado e sustentável. Com foco na valorização da vida e no bem estar da nossa gente diante das aceleradas transformações do Século XXI. Acredito que quando as primeiras pesquisas de opinião forem realizadas, meu nome já pontuará bem, uma vez que sou bastante conhecido entre o eleitorado de esquerda e antifacista da cidade, que me segue nas redes sociais. Isso fará toda diferença para que a candidatura seja considerada prioritária pelas instâncias superiores do Partido e na mesa de negociação regional com os aliados do campo democrático.

Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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