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Carnaval: Saiba como evitar doenças e dor de barriga para não abreviar a folia

Carnaval
Neste carnaval, quem vai seguir os blocos por horas a fio precisa ficar atento com a hidratação e a reposição de calorias. Foto: Pixabay
LUCAS LACERDA

Enquanto foliões preparam os últimos detalhes de fantasias para mais um Carnaval intenso após o fim de restrições da pandemia, é preciso tomar alguns cuidados com a saúde. Doenças comuns e graves, como mononucleose ou ceratite, e situações como ressaca e anafilaxia podem abreviar a folia.

Quem vai seguir os blocos por horas a fio precisa ficar atento com a hidratação e a reposição de calorias para não se estragar totalmente. Mas também não vale comer só uma coxinha depois de seis horas no sol.

Ainda, médicos de diferentes áreas ouvidos pela reportagem dizem que cigarro eletrônico é altamente tóxico e deve preferencialmente ser evitado. Além disso, é preciso ter cuidado com a proteção antes, durante ou depois do sexo.

Veja as principais dicas para completar a jornada de Carnaval de forma segura.

Como se preparar

O ideal é fazer uma refeição equilibrada antes de sair, seja café da manhã ou almoço, com carboidratos e proteínas. “Comer fruta, iogurte, pão, ovo, pode fazer aquela ‘avocado toast’, que está na moda, porque o abacate tem uma gordura boa”, diz Vanessa Prado, integrante da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Aparelho Digestivo. No almoço, ela indica “o bom e velho prato brasileiro, com arroz, feijão, carne e legumes”.

Na preparação da fantasia, é bom ficar de olho em possíveis reações como vermelhidão e coceira nos locais com aplicação de maquiagem e cosméticos. Atenção: a cola usada para extensão de cílios e o glitter podem causar irritações e até a inflamação da córnea, chamada de ceratite.

Se sintomas como coceira, vermelhidão e irritação persistem após lavar os olhos com soro fisiológico estéril, é preciso procurar atendimento médico, diz a oftalmologista Myrna Serapião, diretora da Vision One, que alerta para o cuidado com lentes de contato. “Não pode usar lente vencida, dormir com a lente ou colocar depois da maquiagem”, o que pode causar infecções.

Ainda, cuidado com pomadas para fixar penteados. No fim de janeiro deste ano, mais de 80 desses produtos foram alvos de ações da Anvisa, que suspendeu parte deles e recolheu ou interditou outros.

Também vale colocar na pochete ou doleira um frasco pequeno de álcool em gel, que será valioso no meio da multidão.

Seguindo os blocos ( ou fugindo deles )

Especialistas ressaltam que a pandemia de Covid não acabou e que aglomerações são ambientes que facilitam o contágio desta e de outras doenças virais, como a gripe.

Quem vai viajar para o interior deve tomar cuidado com a febre amarela. Segundo o Governo de São Paulo, cidades de Minas Gerais e do Paraná que fazem divisa com o estado estão com alertas para a doença. Assim, a imunização para quem vai viajar é imprescindível, e é oferecida em todos os postos de saúde do estado.

Eu quero mais é beijar na boca

Mononucleose é uma das doenças mais comuns no Carnaval para quem beija na boca, e a transmissão é facilitada porque os sintomas podem aparecer em até três dias depois da contaminação. Os sintomas mais comuns se parecem com os da gripe.

Herpes, sífilis e sapinho, apelido da candidíase oral, também são transmitidos pelo beijo.

José Valdez Ramalho Madruga, médico infectologista e coordenador do Comitê de AIDS da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), também ressalta que as ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) representam um risco mais alto na época do Carnaval.

“A gente deve lembrar porque nessa época as pessoas bebem, usam drogas e se esquecem de usar preservativo.” O médico aponta que há diversos meios de proteção disponíveis.

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O preservativo é o principal deles, seguido por medicações, no caso do HIV, com os métodos de Prep (profilaxia pré-exposição) e a PEP (profilaxia pós-exposição) -o tratamento dura 28 dias e é feito após atividade sexual de risco ocorridos há, no máximo, 72 horas.

‘CIGARRO ELETRÔNICO É PORCARIA’

“Não se pode dizer ‘cigarro eletrônico é legal, só não pode modificar potência e trocar por canabinoide’. Todos são uma porcaria”, afirma Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Ele se refere a modificações feitas por fabricantes ou pelos próprios usuários dos dispositivos para potencializar a fumaça, o que libera mais compostos tóxicos e cancerígenos. Outro problema é combiná-lo com derivados de maconha, além da nicotina em concentrações mais altas.

Quem faz o uso da versão com canabinoide está mais suscetível a danos pulmonares graves, como a lesão induzida pelo cigarro eletrônico, já que o composto é mais solúvel em óleos, como o acetato de vitamina E utilizado nos vapes.

Hidratadas vencem

Caju amigo, cerveja, caipirinha e todo tipo de bebidas são oferecidos aos montes no Carnaval. Para a médica Vanessa Prado, a fórmula que ajuda a manter o corpo hidratado é um copo de água a cada lata de bebida. Novamente, cuidado com a preparação de bebidas em copos abertos. É melhor consumir o que vem em latas ou garrafas lacradas.

O abuso de álcool, combinado ou não a outras drogas, pode estragar a festa e levar a quadros mais graves como pancreatite ou hepatite alcoólica.

E é preciso lembrar que não há quantidade de álcool que não afete a saúde.

A ingestão também pode representar problemas para quem tem predisposição a reações alérgicas graves, segundo o médico Marcello Bossois, coordenador do Brasil Sem Alergia. “Para esse paciente, quanto maior a quantidade, maior a chance de uma reação.”

Um exemplo comum é o das proteínas do camarão que causam alergia, a tropomiosina, que também está presente em ácaros, que estão em todo lugar. Ainda que em baixa concentração, a proteína pode ser risco para uma pessoa com histórico de alergias, já que o álcool pode potencializar uma resposta que pode chegar a uma reação anafilática grave.

O quadro se caracteriza por reações em pelo menos dois sistemas ao mesmo tempo, como urticária (vermelhidão na pele em alto relevo e que coça) acompanhada de tosse ou inchaço nos lábios.

Cuidado com o ‘podrão’

Se precisar comer durante o bloco, escolha lanches lacrados ou aqueles que permitam saber a procedência. Além disso, evite, se puder, comidas muito gordurosas, como pizza e hambúrguer (o famigerado “podrão”), que fermentam mais no estômago, causando dor e refluxo.

A gastroenterocolite, que é uma inflamação causada por bactérias e intoxicações alimentares, é o problema mais comum na época do Carnaval. A contaminação pode ser por causa de comida contaminada e mão suja.

Para reduzir os riscos, vale usar aquele álcool em gel sugerido na etapa de preparação para a folia. Para manter a energia durante o trajeto dos blocos, uma dica são os sachês de carboidrato de absorção rápida, mas que não substituem uma refeição.

No fim da jornada, vale manter a hidratação com água e sucos, além de fazer uma refeição completa.

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