Yuri Scardini
O governo estadual vai pagar faculdades particulares para estudantes fazerem graduação e pós-graduação. A informação é do secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (SECTI), Vandinho Leite, que também é presidente do PSDB da Serra. Nessa entrevista ao Tempo Novo, ele destacou que os projetos de qualificação da sua Secretaria tem foco na geração de renda, como forma de enfrentar a crise. Já na política, o Tucano quer a expulsão do senador Aécio Neves do PSDB e a saída do governo Temer, mas preservando a aliança com o PMDB de Hartung. Vandinho concluiu criticando a atual gestão da prefeitura.
Qual o objetivo do OportunidadES, lançado pela Secti?
Qualificação e geração de renda. Nos últimos dois anos, houve queda livre do emprego formal. O Projeto tem cursos de qualificação profissional nas principais áreas para se empreender: alimentação, beleza, negócios digitais e customização. É um estímulo ao empreendedorismo.
Quais são os principais cursos oferecidos?
As áreas de alimentação e de beleza têm um apelo grande e se mantém firmes na crise. Trouxemos cursos como maquiador, unhas decorativas, sobrancelhas e outros. Na área de alimentação são cursos como panificação, confeitaria, doces finos para festas e outros.
Quantos cursos foram oferecidos e qual o número de vagas?
Anunciamos 40 mil vagas, mas vamos conseguir mais. Pela alta demanda, a Serra lidera. Nos cursos online, cerca de 25% dos inscritos são da Serra. Já nos presenciais, vamos ter mais de dez mil vagas na cidade.
E o projeto Sinapse da Inovação?
Tem como foco o empreendedorismo inovador. Estamos em busca de ideias que possam se transformar em negócios, e as 40 melhores serão financiadas com R$ 50 mil. Serra e Vitória se destacam até agora. É uma ação para dinamizar a economia do ES e diminuir a dependência das commodities.
Tem algum outro projeto?
Sim. Alunos das escolas públicas irão fazer o ensino superior em instituições privadas custeados pelo Governo do ES. Não é financiamento, o Governo vai comprar a vaga para o aluno. Um jovem pobre, de escola pública, que se destaca, poderá fazer o ensino superior custeado pelo Governo. Será lançado em agosto e vamos utilizar as notas do Enem como critério. O governador (Paulo Hartung – PMDB) abraçou a ideia. Vamos também oferecer vagas para pós-graduação, mestrado e doutorado.
Falando de política, o que o senhor defende para o PSDB nacional?
O PSDB precisa decidir sobre dois assuntos importantes, Aécio e Temer. Defendo a expulsão do Aécio Neves (Senador), existem provas contundentes conta ele. Outra posição é sair imediatamente do Governo Temer. O partido nem deveria ter entrado alias, porque é um governo proveniente do PT, que disputou contra o PSDB.
Esse desembarque teria impacto no ES?
O PSDB faz parte do governo do PMDB no ES desde o inicio, diferente do cenário nacional. A discussão política é totalmente diferente. Hoje, vemos um estado organizado e com direção para o futuro, que tem capacidade política para governar. Olha a diferença dos estados vizinhos. O PSDB capixaba é governo, até porque tem o vice-governador Colnago.
Quais são as metas do PSDB para 2018?
Com a indefinição de Hartung o mercado fica em stand by. Se o governador for candidato à reeleição, o PSDB deve continuar a aliança. Aí a prioridade é a reeleição do senador Ricardo Ferraço. Se Hartung não for candidato à reeleição, quem desponta é o vice, Cesar Colnago. Estamos discutindo e ainda não há definição. O governador sinalizou que pode migrar para o partido. Já nas proporcionais, o objetivo é quatro estaduais e dois federais.
Alguns membros do PSDB fazem oposição ao governador, como o deputado estadual Sergio Majeski…
O PSDB respeita democraticamente a todos, mas hoje é a minoria do partido.
A posição mais áspera do deputado Theodorico Ferraço contra Hartung pode influenciar na relação do governador com o senador Ricardo Ferraço? Ou até mesmo rebater no PSDB?
Theodorico, que é meu amigo, não é do PSDB, é do DEM. Não acredito que o desconforto entre o governador e ele possa influenciar na relação do senador com o governador, até porque há uma sintonia muito forte.
Quais são seus planos para 2018?
Tem a possibilidade de candidatura à Assembleia, mas não descarto uma candidatura à Câmara Federal, tive quase 90 mil votos na eleição passada e fiquei entre os mais votados. Teve candidato que ganhou com 43, 48, 50 mil votos.
O PSDB da Serra continua na oposição ao governo Audifax?
É uma oposição de ideias, olha o desequilíbrio e o desgoverno administrativo e financeiro. No portal da transparência da prefeitura, para minha surpresa, mostra que a dívida fundada é de R$ 4 bilhões. A prefeitura publicou isso; quero acreditar que está errada, a dívida deve ser de uns R$ 400 milhões, se seguir a projeção. Mas diante de tudo que vejo não seria surpresa.
E o que o senhor vê?
De qualquer forma, com a dívida de R$ 400 milhões e a parte administrativa um caos, isso afeta os serviços essenciais. Na Educação falta merenda e transporte escolar, falta de pagamento aos profissionais de limpeza, banheiros sujos; escolas sendo arrombadas porque se tirou os vigilantes. O prefeito e a secretária disseram que a Guarda Municipal iria resolver os arrombamentos, mas piorou. 56 agentes não dão conta. É um número vexatório. Na campanha foram prometidos 200 guardas.
O problemas estão concentrados então na Educação e segurança?
Falei da Educação, mas tem muita coisa referente à saúde. A prefeitura sem pagar laboratório não consegue fazer um exame de sangue. Fui procurado por gerentes de unidades de saúde que estão sendo retaliados. Há municípios agendando consultas na internet e na Serra tem gente dormindo nas filas. O discurso de alguém que dizia “ter ressuscitado para cuidar da Serra”, vejo na cidade o sentimento de arrependimento. Foi tanta mentira, como promessas de 40 mil empregos sendo que todo mês cai o número de ofertas de empregos.
O que o PSDB defende para a Serra?
Que se discuta de forma madura os problemas. Qual é a ação da cidade visando o desenvolvimento? E na diversificação da economia? A indústria em queda, o que a prefeitura tem feito para ampliar postos de trabalho, e na área do turismo e da agricultura? E no campo da inovação. Ou seja: a pauta do município é atrasada. Essa gestão perdeu a ponta do cipó com o município quebrado. Isso está chegando à população, que orou e acreditou em quem hoje deixa a cidade ao ‘deus dará’ como se fosse um barco à deriva.