Por Yuri Scardini / Conceição Nascimento
Considerado uma das principais lideranças emergentes da Serra, o deputado estadual Bruno Lamas é o único representante da cidade na Assembleia Legislativa (Ales). Além do balanço dos primeiros seis meses de mandato, Bruno analisa a conjuntura nacional, o governo Hartung e a situação política da Serra, com a polarização Audifax x Vidigal.
Das frentes que o senhor participa na Ales, quais destacaria?
Sou vice-presidente da comissão de Educação e membro da comissão de Meio Ambiente. Liderei a Comissão Especial que investigou contratos de obras do Campo Bom de Bola e do estádio Kleber Andrade. Lutei para evitar o corte de combustíveis em viaturas do Estado, especialmente na Serra, no 6º Batalhão e pela permanência dos leitos da Utin do Dório Silva. Propus o projeto que propõe o parcelamento do IPVA; a PEC sobre a gratuidade no transporte público intermunicipal para idosos, deficientes físicos e menores de cinco anos; substituição dos radares ocultos por outros visíveis nas rodovias estaduais. Assim que as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) em curso terminarem, vou propor CPI para investigar os radares.
Qual será o caminho do PSB a nível nacional?
Eduardo Campos, nossa maior referência, nos deixou precocemente. Mais também deixou um grande legado. Vejo hoje um PSB atento aos debates nacionais. O partido hoje procura reforçar o número de senadores, deputados federais, trabalhando a fusão com o PPS.
Como o senhor avalia a situação do governo Dilma?
É a grande decepção dos brasileiros, naquilo que prometeu e não poderia cumprir, vendeu uma falsa realidade. Além das denúncias de corrupção envolvendo lideranças importantes de seu partido, adotou uma politica econômica desestruturada, sufocando o trabalhador e o pequeno empresário.
Em que pretende usar os R$ 1,2 milhões em emendas a que tem direito?
Estamos separando R$ 200 mil para apoio a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e Pestalozzi do nosso Estado. E R$ 1milhão para a Serra: recapeamento de vias, especialmente da ES 010 com R$ 700 mil, R$ 300 mil para iniciar uma escola em Nova Almeida.
Com a derrota de Renato Casagrande o PSB perdeu força no ES?
PSB hoje tem 22 prefeitos, dois deputados estaduais e um federal. Casagrande, nosso maior líder estadual, deixou um legado fantástico. O partido agora trabalha nas eleições municipais, para reeleger os nossos prefeitos e o maior número possível de vereadores.
Como o senhor avalia esse primeiro semestre do governo Hartung?
O reconheço como nosso governador, foi opção do eleitor capixaba. Responsabilizo o governo federal pelos entraves e dificuldades que Hartung tem enfrentado para fazer novos investimentos. Neste segundo semestre vou discutir com o governador a redistribuição de ICMS. A Serra é o município que mais contribui com o PIB (Produto Interno Bruto) capixaba, mas Vitória recebe cota maior do repasse de ICMS. E cobrar os investimentos para ajudar a cidade, como o contorno do Mestre Álvaro, o contorno de Jacaraípe, o Faça Fácil, a revitalização de Laranjeiras, recapeamento da Norte Sul, retomada da obra da escola Aristóbulo Barbosa em Laranjeiras e a construção da escola de Novo Horizonte.
O senhor caminha com Casagrande, que é adversário de Paulo Hartung. Bruno Lamas é um deputado de oposição?
Lógico que não, até por conta da minha responsabilidade com a Serra. O Renato tem uma posição pontual e pessoal. Eu tenho, e o próprio PSB estimula uma relação republicana, de uma cidade que precisa e muito do governo do ES, melhorando a vida do serranos e fazendo os investimentos que têm de ser feitos.
A Serra é a locomotiva econômica do ES mas ainda não conseguiu ser protagonista na política. Como alcançar isto?
A Serra nunca teve o privilégio de eleger um governador. Eu atribuo isso ainda a geopolítica, agora a cidade passa a despontar. E também o perfil dos representantes que tivemos até hoje. Faziam para agradar ao governo e desprezando projetos grandes para a Serra. Hoje temos o prefeito Audifax que se apresenta em reais chances para ocupar algo mais alto.
Existe possiblidade de reaproximação Audifax e Sérgio Vidigal?
Os movimentos são contrários. Vidigal trabalha a construção para prefeitura da cidade, só não vê quem não quer. Temos informações que está planejando sua campanha. Se houvesse união entre Audifax e Vidigal seria bom para o serrano, mais os movimentos são inversos.
Caso essa bipolaridade se confirme na eleição de 2016, o senhor vê um terceiro nome viável?
A terceira via é bem-vinda. Mas ela tem de ser construída. E não forjada em cima da vontade pessoal de qualquer liderança. Por isto vejo neste momento uma eleição polarizada.
O PT pode vir de Givaldo ou Roberto Carlos. Tem ainda o Vandinho Leite. Acha que um deles decola?
O PT é um partido de tradição. Tem uma militância forte e tem um percentual na cidade. Respeito Givaldo e Roberto Carlos, mas entendo que o PT vai ter dificuldade de mostrar um projeto nacional. O Vandinho até então está filiado ao PSB, estamos esperando ele dar e formalizar a saída do partido e ir para uma nova sigla.
Como presidente regional do PSB, como o senhor vê a postura do vereador Boy, que é do partido e tem se colocado na oposição da gestão Audifax?
O vereador Boy não frequenta o partido, não contribui, destoa dos princípios da legenda e faz oposição descabida ao prefeito. Boy não está nos planos do PSB para 2016, onde nossa meta é fazer quatro vereadores.
E os rumores de que Audifax poderia migrar para a Rede Sustentabilidade de Marina Silva?
O curso natural das coisas é a sua permanência no PSB. É nossa prioridade a reeleição do prefeito Audifax. A Rede ainda não existe. Mas caso ele saia, o PSB vai lançar candidato. Seria uma candidatura minha ou a de Renato Casagrande.