Por Bruno Lyra
A seca que está castigando o Estado desde 2014 não dá trégua e o risco do desabastecimento segue rondando a cidade. O rio Santa Maria da Vitória estava, na última segunda – feira (14), com volume d’água no nível crítico: 3,8 mil litros d’água por segundo. Para esta época do ano a média histórica é de 18 mil litros. Os dados são da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh).
Já a represa da hidrelétrica de Rio Bonito – que foi improvisada para retenção de água visando atender à Grande Vitória por determinação do Governo do ES quando a crise se agravou em fevereiro de 2015 – estava com 58% da capacidade na última quinta (10). A represa fica nas cabeceiras do rio Santa Maria e tem capacidade máxima de 27 bilhões de litros.
E segundo o diretor de Infraestrutura, Distribuição e Reservação Hídrica da Agerh, Róbson Monteiro, Rio Bonito está esvaziando. “A represa está recebendo cerca de 2,5 mil litros por segundo e vertendo (liberando) 3,5 mil litros. Neste cenário dá para garantir água até janeiro de 2017 para as áreas da Grande Vitória que dependem do sistema Santa Maria. Mesmo assim a Agerh prorrogou, por mais 90 dias, o cenário de alerta no Estado”, explica.
Na prática, a medida citada por Róbson restringe a irrigação para períodos noturnos e, na Grande Vitória, fornecimento de água ao Complexo Industrial de Tubarão, formado por Vale e ArcelorMittal, ambas atendidas pelo Santa Maria. Em períodos normais as duas gigantes chegam a consumir 1,2 mil litros (1 mil litros para Arcelor e 200 litros para Vale) dos cerca de 3 mil litros por segundo captados pela Cesan na região do Queimado, divisa de Serra com Cariacica.
Mas, segundo a Cesan, durante a vigência do cenário de alerta o fornecimento caiu para 700 litros por segundo (600 litros para Arcelor e 100 litros
para a Vale). Além de investirem na recirculação de água e redução do consumo, as empresas tiveram que abrir poços na região de Tubarão para suprirem suas demandas.
O Santa Maria atende toda a Serra e seus parques industriais, além da zona norte de Vitória (Canal da Passagem até Jardim Camburi), Praia Grande em Fundão e bairros de Cariacica na região da rodovia do Contorno, o que dá mais de 700 mil pessoas.
Promessa de reforço no abastecimento em outubro
O rio Santa Maria começou a dar sinais de colapso por uma combinação de três fatores: A combinação de pouca chuva nos últimos dois anos, o crescente uso do solo e irrigação no município de Santa Maria de Jetibá – um dos principais produtores de alimentos para a região metropolitana – além do aumento do consumo na Grande Vitória.
Situação que antecipou a busca por água do rio Reis Magos, que desce de Santa Teresa e deságua em Nova Almeida, prevista inicialmente para 2020. As obras de captação, tratamento e distribuição já começaram e, ao custo de R$ 69 milhões, devem ampliar a oferta de água na Serra em 500 litros por segundo, segundo a Cesan. A previsão da Concessionária é a de que o sistema entre em operação até outubro, atendendo as regiões da Serra – sede e Civit´s. As obras e o sistema Reis Magos são de responsabilidade da Cesan.
Em 2015 choveu a metade do esperado
As estações meteorológicas do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural do ES (Incaper) localizadas em Fundão, Vitória e Santa Maria de Jetibá (A Serra não tem estação) registraram em 2015 apenas metade das chuvas previstas para cada uma das localidades. As informações são do meteorologista do Instituto, Bruce Pontes.
Este ano, apesar de alguma chuva em janeiro, o cenário continua ruim. O Incaper não divulgou números, mas disse, por sua assessoria de imprensa, que fevereiro foi um mês mais seco e quente do que o normal em praticamente todo o estado. A exceção foi o entorno do Caparaó, onde, apesar do calor anormal, choveu acima da média.
O órgão destacou ainda que o estado está sob influência do fenômeno El Nino, cujo efeito comprovado é o aumento da temperatura média. Porém não há comprovação de que o El Nino interfira na quantidade de chuvas no ES. O fenômeno climático deve perder força neste outono, diz o Incaper.
Já o volume de chuvas esperado para o trimestre Março/Abril/Maio permanece uma incógnita. É que o modelo matemático do Ministério da Ciência e Tecnologia (MICT) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) não conseguiu montar um cenário mais provável do que deve ocorrer.
Em outras palavras, a chance de chover acima da média, na média, ou abaixo dela, são as mesmas.
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