A escória jogada nos terrenos alagados para estudos de estabilidade de solo visando à implantação do Contorno do Mestre Álvaro gera contaminação no meio ambiente da região. A afirmação foi feita pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Aladim Cerqueira, durante a audiência pública promovida pelo deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) na última segunda-feira (21), na Câmara da Serra, para discutir a retomada do projeto da rodovia que vai tirar a BR 101 do trecho entre Carapina e a sede do município.
Segundo Aladim as empreiteira responsáveis não poderão usar o material, que é resíduo da fabricação do aço na ArcelorMittal Tubarão, nos trechos alagados que serão cortados pela futura rodovia. Mas poderá ser aplicado nos trechos secos. Dos 18 km do traçado da futura rodovia, cerca de 10 km estão em área alagadiças.
O secretário disse que técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), órgão responsável pela licença da obra, teriam consultado literatura sobre o tema e constatado que o material em contato permanente com água se torna nocivo.
Mas Aladim não disse o que será feito com a escória já jogada numa área alagada na região do Jacuhy, perto da margem do ribeirão Brejo Grande, cujas águas fluem para os manguezais do Lameirão e Ilha das Caieiras em Vitória. O depósito já havia sido embargado pelo próprio Iema em abril do ano passado.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do Iema, mas até o fim desta edição não teve retorno. Para a ativista do Movimento Ambiental da Serra, Luciana Castorino, a situação é grave. “Fui ao local onde jogaram a escória e o que vi assustou. O chão está enferrujado, com manchas pretas, laranjas, amarronzadas,inclusive na água em volta da escória. “Gostaria que o Iema explicasse o impacto disso nos rios e mangues da região. E porque vão liberar a escória na parte seca, uma vez que a chuva vai levar os resíduos para os alagados?”, questiona.
Empresa diz que prática é segura
Em nota a ArcelorMittal Tubarão garantiu que os agregados siderúrgicos disponibilizados são seguros para uso. “Tratam-se de materiais classificados como não perigosos ao meio ambiente e que atendem às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A empresa acrescenta tem contribuído de forma transparente com os órgãos de engenharia rodoviária e de controle ambiental, buscando disponibilizar toda a vasta documentação e estudos realizados por instituições acadêmicas e laboratórios privados, acreditados pelo Inmetro e Anvisa”, diz o documento.
Ressalta, ainda, que o uso seguro do agregado siderúrgico é uma premissa de sua gestão ambiental e está apoiada nas práticas mais modernas de economia circular, que visa ao estímulo da reciclagem para a preservação dos recursos naturais não renováveis, nesse caso as rochas que seriam utilizadas. A empresa se coloca à disposição ao diálogo e para a construção de políticas públicas que favoreçam a reciclagem com a devida segurança ambiental.