Por Conceição Nascimento / Bruno Lyra
Mais um tema polêmico que restringe a liberdade de cidadãos em nome do combate à violência na Serra. A proibição de carona em motocicletas na Serra começa a ser estudada pela Secretaria de Defesa Social (Sedes). A informação é do secretário da pasta, coronel Nylton Rodrigues.
Ele entende que a medida pode ajudar a reduzir o alarmante número de homicídios na cidade e afirma que um número considerável destas ocorrências tem como autores pessoas montadas nas garupas das motos.
“A proposta partiu de policiais militares do 6º Batalhão, que têm me abordado desde o ano passado e estamos estudando o assunto. Vamos verificar se existe situação semelhante em outros municípios e, se for legal e viável, implantaremos na Serra”, disse Rodrigues.
Mas Nylton adiantou que ainda não há projeto de lei para a implantação da proposta.
Nylton é Coronel da PM e antes de assumir a Defesa Social era comandante do 6 º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento da Serra. Uma outra bandeira dele, também polêmica, já entrou em vigor: a restrição para funcionamento dos bares e casas noturnas na cidade, que passou a valer no último dia 23 de fevereiro.
Mesmo assim o mês foi muito violento: 40 assassinatos, um aumento de 66,6% em relação a janeiro onde foram registrados 24 homicídios. Os dados de fevereiro são do secretário Nylton e o de janeiro da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
Vereadores criticam medida
Mas a medida pode encontrar dificuldades na Câmara de Vereadores. O líder do Governo na Câmara, Luiz Carlos Moreira (PMDB), mostra preocupação em relação ao direito de ir e vir. “Não avaliei ainda, mas quando tira o direito do cidadão, é preciso discutir o assunto. Não li a proposta ainda e entendo que não é algo genérico. Mas tira o direito de ir e vir do cidadão. Se ficar nessa de proibir, ninguém vai viver”, disse o vereador.
O vereador Basílio da Saúde (Pros) já adiantou que deve votar contra. “Infundada, sem consistência. A proposta pune pessoas que não cometem esse delito. Que se aumente o policiamento e a pena para os homicidas, mas o contribuinte não deve ser impactado pelo aumento no número de assassinato. Que façam mais blitzes e policiamento ostensivo”, disparou.
“Ainda não vi o projeto e é preciso analisar melhor, juntamente com minha assessoria. Daí vou me posicionar sobre o assunto”, ponderou o vereador Miguel da Policlínica (PTC).