Bruno Lyra
O secretário de Meio Ambiente da Serra, Marcos Franco, não conseguiu comprovar que os resíduos lançados pela Vale no mar em Praia Mole em dezembro do ano passado não chegaram à Praia de Carapebus na Serra.
Marcos havia declarado publicamente que os resíduos da mineradora, lançados entre os últimos dias 01 e 05 de dezembro, não haviam chegado a Serra. A informação foi contestada pelos ativistas e moradores de Praia de Carapebus, Anderson Soares e Marcelo Warung, que inclusive fizeram imagens com drone que revelou cor amarelada na água do mar no bairro.
A afirmação de Marcos também causou reação na Câmara de Vereadores da cidade, que através da Comissão de Especial de fiscalização das licenças de Vale e ArcelorMittal, exigiu que o secretário provasse com análises laboratoriais sua afirmação. A Comissão é presidida pelo vereador Fábio Duarte (PDT).
Em resposta, o secretário então enviou um relatório a Comissão, onde admite na pág. 02 do documento: “Lamentavelmente, não dispomos de laboratórios para análises, neste caso como em outros semelhantes comumente não conseguimos comprovar degradações e/ou irregularidades, muito porque dependemos de análises realizadas pelas próprias fontes poluidoras que sempre apresentam resultado dentro dos padrões”.
Por conta do lançamento o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), órgão licenciador da Vale, multou a mineradora em R$ 1,62 milhão. A empresa havia dito que o lançamento era controlado e autorizado pelo órgão, mas a então diretora-presidente do Iema, Andrea Carvalho, negou que o Instituto tenha concedido tal autorização.
A Vale se nega a pagar a multa. A empresa entrou com recurso administrativo no próprio Iema. Já Andrea foi exonerada do Iema no último dia 18 de janeiro, sob a acusação de participar de supostas fraudes no sistema de licenciamento on line do órgão. Andrea, que antes de assumir o cargo no Iema tinha sido secretária de Meio Ambiente da Serra, nega as acusações e se diz vítima de perseguição.