Ana Carolina Batista começou no karatê com apenas seis anos de idade num projeto social de Novo Horizonte, na Serra. De lá para cá, foi 10 vezes campeã estadual, campeã e medalhista em etapas de campeonato brasileiro, campeã nacional no sub 21, vice-campeã universitária e integra a seleção pré-olímpica do Brasil. Um currículo que enche de orgulho serranos e capixabas, mas que é indiferente para empresários e governantes daqui.
Mesmo levando o nome da Serra e do Espírito Santo aos pódios Brasil afora, a karateca de 21 anos pode ficar de fora de uma competição nacional importante por falta de patrocínio. É a Etapa Final do Campeonato Brasileiro de Karatê, que acontece de 7 a 14 de outubro na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais. Vale destacar que a jovem foi a campeã da etapa classificatória para esse torneio.
“É desanimador. Tanta dificuldade para chegar aonde cheguei e saber que, se eu tivesse mais apoio, poderia ter ido muito além. Participo de poucas etapas nacionais por conta da falta de patrocínio. Dedico tanto tempo para o esporte e treinos. A nossa luta também é fora dos tatames”, desabafa a atleta. E segundo ela, o poder público sempre alega que vai entrar em contato, mas não passa de promessa. Já os empresários sequer entram em contato. “Só dizem que não têm interesse”, revela a karateca que luta na categoria adulta (sênior), com mais de 68 kg.
Ana precisa de, pelo menos, R$ 2.550 para arcar com as despesas da viagem a Uberlândia. No entanto, ciente de que a luta também se trava fora dos tatames, a karateca corre atrás para continuar ocupando o lugar mais alto do pódio. “Sempre faço rifa para arrecadar algum dinheiro; e, desta vez, resolvi vender doce onde faço estágio”, explica.
E a falta de patrocínio pode tirar Ana de pelo menos oito competições, a maioria em outros estados. Quanto aos torneios internacionais, a situação fica ainda mais complicada. A atleta não está participando da Premier Série A, que aconteceu no Chile ao longo desta semana.
“Há meses estava correndo atrás de apoio para ir. O que me desmotiva é saber que sempre busquei apoio de empresas, do Município e do Estado; que venho representando a Serra, o ES e trazendo medalhas; e que, mesmo assim, nunca consegui apoio”, lamenta.
A atleta treina na academia Helton Scarabelli Cross Trainning e tem uma bolsa de estudos de 30% da Faculdade Multivix.
E como fica o coração de mãe diante uma situação como essa? Quem diz é Laudecy Patrício da Silva, que se mantém firme ao lado da filha na realização de seus sonhos. “Meu sentimento é de indignação e revolta, pois entra governo e sai governo, e tudo continua a mesma coisa. O esporte salva vidas, porém não é valorizado”, lamenta.
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