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Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Serra dispara em lançamentos e vive auge imobiliário da década, aponta pesquisa

A cidade da Serra vive uma espécie de novo boom imobiliário, o maior da última década, segundo aponta levantamento realizado pelo Sinduscon-ES entre janeiro e março de 2025. O estudo, que ouviu 20 incorporadoras responsáveis por cerca de 70% da produção imobiliária da Grande Vitória, revelou um crescimento expressivo nos lançamentos previstos para este ano, com destaque absoluto para o crescimento do município serrano.

A coluna já havia abordado o tema anteriormente, ao observar que, pelo volume de empreendimentos conhecidos — especialmente no eixo Laranjeiras x Manguinhos — era possível afirmar que o mercado imobiliário capixaba voltava a direcionar seu olhar para a Serra, sobretudo no segmento de unidades de médio e alto padrão. Esse movimento passou a concorrer com Vila Velha, que nos últimos anos vive um fenômeno semelhante na expansão de Itaparica. Agora, munidos de dados concretos, fica claro que, de fato, a Serra atravessa um boom imobiliário, com expansão urbana em direção à praia, partindo dos arredores de Laranjeiras.

De acordo com a pesquisa, a Serra deve lançar 2.538 unidades residenciais em 2025, superando com folga os números dos anos anteriores (veja tabela ao fim do artigo). Para efeito de comparação, em 2024 foram lançadas 1.622 unidades (63,9% do volume previsto para 2025), e em 2023, 1.544 unidades (60,8%). A curva de crescimento se mantém constante desde 2021, quando o volume de lançamentos voltou a acelerar após os impactos da pandemia – com um pico agora em 2025.

O menor número da série histórica ocorreu exatamente em 2021, com apenas 924 unidades residenciais previstas — o que representa 36,4% do total estimado para 2025.

Mesmo diante de um número já expressivo, é preciso considerar que os dados referentes à Serra podem estar subdimensionados, já que a pesquisa contemplou apenas empreendimentos verticais (apartamentos). No entanto, o mercado local já conhece diversos empreendimentos lineares — como loteamentos e condomínios horizontais — desenvolvidos por empresas que não participaram do levantamento e que possuem planos robustos para a cidade. Um exemplo é o Península Aroeira, da Marsanto Imóveis, que, na prática, pode configurar-se como um novo bairro. Localizado em Morada de Laranjeiras, o projeto ocupa uma área de 213 mil m² e deve adicionar à cidade 200 terrenos, 14 torres de apartamentos de médio e alto padrão, além de áreas destinadas ao comércio.

Aliás, no que diz respeito ao mercado de imóveis comerciais, esse segmento também registra uma evolução bastante expressiva. Para 2025, estão previstas 38 unidades comerciais na Serra, frente a 22 em 2024 e apenas 8 em 2023. Assim como no segmento residencial, trata-se do maior número da série histórica desde 2015, quando foram lançadas 26 unidades comerciais.

O dado reforça a diversificação do setor imobiliário na cidade, que vem atraindo novos investidores para além do segmento residencial — que continua sendo a âncora do mercado — seguido de uma ampla gama de negócios, como escritórios, consultórios, agências e outros serviços que demandam novos espaços.

A previsão total de lançamentos residenciais na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) para 2025 é de 6.951 unidades, distribuídas da seguinte forma:

  • Vila Velha: 2.679 unidades
  • Serra: 2.538 unidades
  • Vitória: 1.444 unidades
  • Cariacica: 200 unidades
  • Guarapari: 90 unidades

Isso significa que apenas Serra e Vila Velha concentram cerca de 75% dos lançamentos previstos em toda a região metropolitana. Porém, o crescimento percentual vem sendo impulsionado pela Serra, uma vez que Vila Velha já ocupa, há anos, a posição de líder isolada no mercado imobiliário.

Em Vila Velha, já se observa escassez de áreas disponíveis para novos investimentos, uma vez que começa a se afastar da Praia da Costa e de Vitória; além de outros entraves apontados pelas empresas pesquisadas, como alta burocracia, carga tributária elevada e falta de mão de obra.

Na Serra, o cenário é oposto. O novo Plano Diretor Municipal (PDM), lançado no ano passado, trouxe mais dinamismo ao setor, desburocratizou processos e facilitou a atração de novos negócios. Soma-se a isso a maior oferta de mão de obra local, favorecida pelas características socioeconômicas do município, o que torna o ambiente ainda mais atrativo para investidores e incorporadoras.

A Serra, por sua vez, ainda dispõe de amplas áreas de expansão dentro do perímetro urbano já consolidado, e em regiões próximas a vias importantes, como a Avenida Paulo Pereira Gomes e a rodovia ES-010.

Somado a isso, há uma demanda reprimida que se intensificou no pós-pandemia, especialmente voltada para empreendimentos de médio e alto padrão. Isso porque, nos últimos anos, os projetos do programa Minha Casa Minha Vida dominaram o mercado da Serra, e durante a pandemia — e nos anos seguintes — houve um esfriamento geral que, na prática, só voltou a ganhar ritmo agora, entre 2024 e 2025.

A pesquisa também deixou bem explícito o otimismo das empresas em relação a Grande Vitória, já que 75% das empresas consultadas afirmam que pretendem aumentar a quantidade de lançamentos em 2025, em comparação com 2024. A tendência indica que o mercado continua aquecido, impulsionado por fatores como urbanização acelerada, infraestrutura crescente e atratividade para novos moradores e investidores.

Entre as empresas participantes da pesquisa estão nomes de peso no setor como Morar, Galwan, MRV, Grand, Argo, GS, Nazca, Barbosa Barros, Impacto, EBS, Epura, De Martin, entre outras.

Apesar do cenário promissor, alguns empresários demonstram cautela. Entre os principais fatores citados para não ampliar ainda mais os lançamentos estão:

  • Opção estratégica da empresa
  • Incertezas econômicas no país
  • Demanda de mercado considerada insuficiente em determinadas áreas

Esses elementos mostram que, embora o crescimento seja evidente, o setor ainda observa o cenário macroeconômico com cautela, buscando manter o equilíbrio entre oferta e demanda.

Na prática, a instabilidade econômica brasileira é o principal fator que leva as empresas a investirem com mais cautela na Serra, uma vez que, além disso, há o aumento das taxas de juros e a perda do poder de compra do consumidor. Ainda que esses sejam entraves relevantes, trata-se de um problema estrutural do país, e não especificamente da cidade da Serra.

Evolução dos lançamentos residenciais na Serra (2015–2025)

Abaixo, a série histórica com a previsão de lançamentos de unidades residenciais no município da Serra:

AnoUnidades LançadasVariação (%)
20252.538+56,5%
20241.622+5,0%
20231.544+27,0%
20221.216+31,6%
2021924-35,0%
20201.421-29,8%
20192.023+5,0%
20181.926+9,9%
20171.752-1,8%
20161.785-1,4%
20151.810

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