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Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Serra é a ‘cidade política’ mais poderosa do ES – é hora de girar os grandes projetos

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Historicamente, a Serra exerce grande influência política no Espírito Santo. Mesmo antes de sua formação como sociedade organizada, a região já abrigava o cacique Araribóia, há cerca de 500 anos, um dos líderes indígenas mais importantes para a formação do Brasil.

Séculos depois, já inseridos no contexto do liberalismo clássico, os serranos continuaram a desempenhar um papel político relevante em nível estadual.

Não por acaso, alguns dos fundadores da Assembleia Legislativa do Espírito Santo eram moradores ilustres da Serra e do Queimado, como os padres João Clímaco e João Luiz da Fraga Loureiro, que, inclusive, foram os dois primeiros presidentes do Poder Legislativo capixaba (1835 e 1836).

Figuras políticas de destaque também foram fundamentais para a realização de feitos históricos, como a elevação da Serra ao status administrativo de cidade, em 1875, pelas mãos do então deputado Major Pissarra ou a instituição do governo estadual do Espírito Santo pelas mãos de Afonso Cláudio – advindo de uma família de serranos. Além disso, ao longo das gerações, as famílias Miguel e Castello ocuparam postos-chave na política capixaba, contribuindo para o desenvolvimento do município e do estado – inclusive elegendo a primeira mulher deputada estadual, Judith Leão Castello.

Após muitos anos, em uma cidade que passou de uma economia agrícola para um polo industrial e logístico, e de um pequeno município para o mais populoso do Estado, a Serra se encontra novamente em uma posição política de destaque — talvez a mais promissora de sua história político-administrativa.

A Serra é a principal “cidade política” do Espírito Santo. No Parlamento capixaba, por exemplo, entre os 30 deputados estaduais, cinco possuem domicílio eleitoral e vínculo direto com o município: Pablo Muribeca (Republicanos), Fábio Duarte (Rede), Alexandre Xambinho (Podemos), Bruno Lamas (PSB, atualmente licenciado) e Vandinho Leite (PSDB), sendo este último líder do governo na Assembleia Legislativa.

No âmbito do Poder Executivo Estadual, também há muitos serranos em posições estratégicas. Aliás, o próprio governador Renato Casagrande, embora não seja natural da Serra, tem uma trajetória política intimamente ligada à cidade, tendo atuado como secretário municipal em duas pastas.

Na estrutura do governo estadual, destaca-se Sargento Valter, ex-deputado e ex-vice-prefeito da Serra por duas vezes, que hoje é considerado um dos principais braços direitos de Casagrande.

Na articulação política entre o governo e a Assembleia Legislativa, o líder é Júnior Abreu, atual secretário da Casa Civil. Conhecido como Juninho, ele é morador da Serra e já atuou em diversas áreas e gestões municipais.

No Detran, quem está à frente é o ex-deputado e ex-vice-governador Givaldo Vieira, que ocupa o cargo de diretor-presidente. Morador da Serra, no passado Givaldo foi vereador e um dos principais articuladores do movimento popular serrano.

Outro nome serrano no governo é o deputado licenciado Bruno Lamas, membro da tradicional família Lamas, uma das mais influentes da política serrana nas últimas quatro décadas. Atualmente, ele ocupa o cargo de secretário estadual de Ciência e Tecnologia.

E o que dizer da recente nomeação do ex-prefeito da Serra por quatro mandatos, Sérgio Vidigal, para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico? Aliás, o próprio Vidigal é frequentemente cotado para a sucessão de Renato Casagrande em 2026. Caso essa hipótese se concretize e ele vença a disputa, a Serra teria, pela primeira vez na história, um governador natural do município.

A forte presença da Serra nas movimentações políticas estaduais chama atenção. O atual prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, por exemplo, construiu sua carreira como delegado na Serra, antes de migrar para a política na capital.

Além disso, na esfera política, há figuras com vínculos profundos com a Serra que podem ser reinseridas no cenário, como o ex-prefeito Audifax Barcelos e o ex-deputado Carlos Manato.

Mas essa influência da Serra no poder capixaba não se restringe à política. O legado da família Feu Rosa no Poder Judiciário é um exemplo disso, ocupando funções de juízes, desembargadores e presidindo o Tribunal de Justiça. Essa família, que dá nome a um dos principais bairros da Serra, tem raízes profundas no município.

No Ministério Público, o atual Procurador-Geral de Justiça do Espírito Santo, Francisco Martínez Berdeal, alcançou essa posição tendo em seu currículo atuação na Serra. Inclusive, sua eleição para o cargo teve como concorrente a Promotora Maria Clara Mendonça Perim, que construiu sua carreira no Ministério Público com forte atuação no município.

E o que dizer da liderança da família Castro na Findes? Os Castro foram fundadores do Civit I e estão entre os principais nomes do setor industrial da Serra e do Espírito Santo, assim como uma enorme gama de outros empresários. Aliás, não há como falar de economia no estado sem mencionar a ArcelorMittal Tubarão, a maior siderúrgica do Espírito Santo e um pilar da economia capixaba — e que está localizada na Serra.

Há lacunas que ainda podem ser preenchidas, como uma representação para a Câmara Federal, ainda que os deputados Amaro Neto e Jackeline Rocha, em algum momento de suas trajetórias políticas, tenham tido domicílio eleitoral na Serra. Ainda assim, é uma certa discrepância que um município com essa relevância não tenha conseguido eleger um deputado federal com atuação central na cidade. O mesmo ocorre no Senado. O último “senador da Serra”, por assim dizer, foi o ex-prefeito João Batista da Motta, ainda no início dos anos 2000.

Todos esses exemplos refletem o amadurecimento político da Serra, dentro do processo econômico e migracional que moldou a Serra moderna. Superando diversas dificuldades históricas, o município está diante de uma oportunidade de atrair investimentos e consolidar ações estruturantes. Esse processo, na verdade, já está em curso, especialmente no que diz respeito à infraestrutura viária.

Com uma prefeitura organizada, planejamento estratégico e diversos de seus líderes bem posicionados nos espaços de poder capixaba, a Serra pode projetar um futuro no qual supera os desafios resultantes da ultra-urbanização descontrolada pós-anos 1960.

Historicamente, o maior problema enfrentado pelo município é o controle da violência urbana, mas ele se estende a outros aspectos fundamentais da vida em sociedade, como a despoluição das lagoas e corpos hídricos, que sempre foram joias naturais da Serra; a requalificação habitacional, permitindo alterar o perfil populacional para um modelo menos dependente dos serviços públicos, por exemplo.

Aliás, a habitação é uma área estratégica para a saúde orçamentária da Serra, no sentido de reduzir ou desacelerar o crescimento contínuo da demanda por serviços públicos, um fenômeno que ocorre intensamente há seis décadas. O objetivo seria alcançar uma qualidade de vida mais próxima à de Vitória, que, por exemplo, ganha prêmios nacionais em gestão pública de saúde, mas não tem sequer uma UPA devido à baixa demanda.

Além disso, o atual contexto político é fundamental para consolidar um processo de expansão urbana controlada e planejada, diferentemente do que ocorreu no passado. Esse crescimento deve requalificar a porção leste do município e avançar para o oeste, acompanhando os novos eixos de desenvolvimento nos Contornos do Mestre Álvaro e Jacaraípe.

Esses projetos viários, inclusive, estimulam o retorno de iniciativas que, no passado, não reuniram as condições favoráveis para serem realizadas. No entanto, diante desse novo cenário, elas podem se tornar realidade. Entre essas iniciativas estão o Aeroporto Internacional de Cargas, planejado nas áreas de eucaliptais da Suzano e a implementação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), um projeto estruturante que colocaria a Serra no centro do comércio exterior do Espírito Santo.

O contexto está posto, as condições são favoráveis e há projetos já pensados e estudados. As perspectivas são promissoras para um novo ciclo desenvolvimentista pós-industrialização com liderança política estadual centralizada na Serra.

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