A polarização política que afeta todo o Brasil ganhou força na Serra durante as últimas semanas. Os motoristas que circulam por diversos pontos da cidade podem se deparar com outdoors, que carregam mensagens contra e a favor do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A conhecida “guerra de outdoors” pode custar caro para os movimentos que bancam, já que o anúncio feito em locais de grande visibilidade custa aproximadamente R$ 900 na cidade. Em algumas situações, são feitas até vaquinhas virtuais para viabilizar as manifestações.
Outdoors são proibidos como propaganda política em ano eleitoral, que é o caso de 2020, mas como as eleições são municipais e não há menção de candidatos a prefeito e vereador, os anúncios são classificados como legais pelo Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo. Em outros casos, como uma propaganda feita no mês passado, que pedia para pessoas não votarem em aliados do governador Renato Casagrande (PSB) neste ano, o TRE mandou retirar a peça publicitária com as mensagens, pois classificou como indevida.
O TEMPO NOVO verificou que duas propagandas – pró e contra Bolsonaro – foram colocadas em Jardim Limoeiro, na Norte Sul, próximo a Escola Estadual Aristóbulo Barbosa Leão (ABL). Em uma das mensagens, os autores (que assinam como ‘Plantão Brasil’) acusam o presidente de ter sido contra o auxílio emergencial – beneficio do Governo Federal para suprir as necessidades de brasileiros que estão desempregados durante a pandemia causada pelo coronavírus.
“Você sabia que Bolsonaro foi contra o auxílio emergencial? R$ 600 foi conquista da oposição no Congresso Nacional #ForaBolsonaro (sic)”, afirma a mensagem.
Com menos de um metro de distância, outra placa – sem nome de autores – declara apoio a Jair Bolsonaro, dizendo que “(a bandeira do Brasil) jamais será vermelha”. Ainda prossegue: “Deus, Família e Pátria fechado com Bolsonaro (sic)”.
Internautas também relataram que mensagens parecidas foram encontradas na região de Carapina. E não é só na Serra que os outdoors são instalados. Também já foram registradas cenas deste tipo em diversos municípios capixabas, incluindo em Vitória, logo na subida da Terceira Ponte. Algumas das mensagens ainda fazem propaganda da cloroquina, que é um medicamento muito falado por Bolsonaro, que mesmo sem nenhuma comprovação cientifica, já indicou o remédio para seus eleitores.
Outras também comparam Bolsonaro com a morte. Como aconteceu num texto colocado na Terceira Ponte, onde era possível ler: “A morte não pode governar o Brasil fora Bolsonaro (sic).
A reportagem conversou com uma das empresas mais consagradas na área de outdoors na cidade. Uma das funcionárias que atendeu o telefone, mas não se identificou, explicou que para a colocação dessas propagandas, são cobrados dois valores: R$ 750 pelo aluguel do espaço no prazo de 14 dias e R$ 150 pelos custos de impressão do papel. Ainda segundo ela, outros tipos, como os de lona plástica, custam muito mais.
“Alugamos o espaço por no máximo 14 dias com esse valor. Cobramos R$ 750 pela placa e R$ 150 pela impressão. Só que a arte já precisa ser enviada no tamanho certo e totalmente pronta, pois não fazemos designer”, afirmou a comerciante.
O TEMPO NOVO conversou com alguns moradores da Serra, através do WhatsApp, e verificou que não existe – entre as pessoas ouvidas – uma concordância sobre esse tipo de propaganda. Um deles é o Fábio Souza, de Jacaraípe. Ele disse à reportagem que discorda desses outdoors e classificou como “uma grande perda de dinheiro”.
“Essa briga política no Brasil só está causando confusão. As pessoas já estão estressadas e ainda temos que ver esses anúncios bobos. Além do mais que isso é uma grande perca de dinheiro, que poderia ser utilizado por esses movimentos, sejam de esquerda ou direta, para curar a fome de muitas famílias capixabas”, desabafou o leitor.
De Colina de Laranjeiras, Sandra Regina, tem uma opinião parecida com a de Fábio. “Isso só gera briga entre aqueles que não apoiam o atual governo. Já vi outdoors como esses na BR-101”, destacou a serrana.
Sérgio de Castro apoia as mensagens. “Nós vivemos num país livre e podemos declarar apoio a quem quisermos. Eu sou super a favor desses outdoors, mas penso que os esquerdistas copiaram a ideia, que surgiu primeiro nos movimentos de direita (sic)”, declarou o morador de Carapina.
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