Mesmo com a eliminação, a Seleção Brasileira de Futebol Feminino fez bonito na Copa da França e deu esperança de dias melhores para as mulheres que jogam bola aqui no município. Inclusive para as atletas do Serra, único time tradicional do estado a manter equipe feminina de futebol de campo. O Cobra Coral também tem time de Fut 7.
O segundo semestre de 2019 vem com amistosos e competições oficiais que prometem movimentar o futebol das meninas do tricolor serrano. “Teremos duas competições muito importantes no futebol de campo, que são a Copa Serrana e o Capixabão, além do Estadual de Fut 7. Estamos muito focadas para conquistar essas competições e todas elas merecem destaque, pois lutamos a cada dia por mais respeito, mais apoio e mais igualdade no futebol feminino”, destaca a treinadora da equipe Cobra Coral, Aline Marta Malovini.
E a preparação para fazer bonito em campo segue intensa. “Os treinamentos são uma vez no dia de semana e aos domingos. Estamos focando muito no treino físico, pois é uma parte primordial de uma jogadora”, explica Aline.
Em julho, as mulheres do Serra têm dois amistosos marcados: no dia 7 (um domingo), às 14h30, tem jogo em Anchieta contra a equipe AE Capixaba, vice-campeã do Capixabão de 2018; e no dia 21 do mesmo mês (também um domingo) a adversária é a equipe de Feu Rosa, com jogo no Estádio Robertão, às 14h30. “Esses amistosos serão de grande importância para a equipe, pois lá vou vendo o que ainda podemos melhorar”, pontua a treinadora do time.
Presente e futuro
O Serra é o único clube entre os grandes do ES a ter um time feminino, segundo o diretor de futebol feminino do Serra, José Alves Rodrigues Neto, o “Zezinho”. “Para dar visibilidade, isso é pouco. Se existissem outras grandes equipes femininas – como Rio Branco, Vitória, Desportiva – em atividade a realidade mudaria bastante”, destaca. O clube conta com 32 jogadoras, de 14 a 35 anos de idade, que atuam tanto no futebol de campo como no futebol 7 (society).
Zezinho ressalta que, além do Serra, há pelo menos sete times de futebol feminino de campo em atividade no município: Feu Rosa, Faces, Central, Projeto Juventude, Fênix, ALJ Guarani e Gold.
E vale de tudo um pouco para tornar essa categoria mais forte. Zezinho relata que são organizadas rifas em grupo de Whatsapp, o que envolve jogadoras, familiares, sócio-torcedores e amigos para ajudar nos gastos com materiais esportivos, taxas de inscrição em torneios, viagens, entre outras despesas. “Também conseguimos alguns apoiadores para colocar na camisa até o final da temporada de 2019, o que ajuda bastante nos gastos. E a diretoria do clube dá todo o apoio è equipe feminina”, salienta.
O diretor de futebol feminino do Serra alerta para o preconceito que ainda resiste quanto à participação das mulheres nesse esporte. “A gente sente muito preconceito, da parte do torcedor não vir aos jogos, de não ter interesse. As mulheres também sofrem muita pressão psicológica. Ainda falta a família acreditar mais, ir aos treinos, participar. A presença da família é muito irrelevante ainda”, destaca Zezinho.
Ele acredita que as mulheres no futebol representam muito mais do que um esporte. “Isso representa o social, a inclusão. Porque futebol não é só jogar, mas também conscientizar, crescer em torno de uma causa”. Sobre isso, ele revela que, em breve, começa o projeto Meninas de Ouro, uma iniciativa focada na busca de novos talentos nas comunidades da Serra.
