Multa de R$ 110 mil. É o valor que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) aplicou à Cesan por conta do descarte de sacos contendo hidrômetros (relógios medidores de água) num local de mata Atlântica na Área de Proteção Ambiental (APA) de Praia Mole, entre o setor Ásia de Cidade Continental e Praia de Carapebus.
Além dos hidrômetros, foram encontrados 350 pneus descartados no local. Mas, neste caso, a Semma ainda não identificou a responsabilidade. Toda a sujeira foi descoberta após lideranças comunitárias da região acionarem a Prefeitura para limpar uma área às margens da Avenida Ártica, que liga Continental a Carapebus.
Mas chegando lá no último sábado (27), a equipe da Secretaria Municipal de Serviços (Sese) viu que a sujeira ia além do que estava às margens da via: descia encosta abaixo e invadia o remanescente de mata Atlântica, num local conhecido como terreno da Picanha.
“Fazíamos uma ação de limpeza para tirar entulhos descartados ilegalmente e também para prevenção à dengue a pedido das comunidades. Foi quando nos deparamos com os hidrômetros e a montanha de pneus, que creio terem sidos descartados por alguma empresa”, conta o diretor de limpeza da Sese, Gilmar Pereira da Silva.
Gilmar acrescentou que, por conta dos pneus e hidrômetros encontrados em meio a outros resíduos descartados clandestinamente no terreno, a Polícia Ambiental e a fiscalização da Semma foram acionadas e estiveram no local.
A retirada de toda a sujeira só foi concluída na última segunda-feira (29). E além da degradação ambiental, virou motivo de preocupação para a saúde pública, uma vez que facilita o acúmulo de água e a proliferação do mosquito transmissor da dengue. A cidade está com mais de seis mil casos, três mortes e em alerta de surto, segundo o Ministério da Saúde.
Presidente da Associação de Moradores de Praia de Carapebus, Anderson Soares publicou em sua conta numa rede social um vídeo no local, para onde também foram outros líderes comunitários da região. “Nos deparamos com uma situação inusitada que nós mesmos desconhecíamos. Aqui há um braço de água limpa que vem do terreno da ArcelorMittal, provavelmente de algum lençol freático ou de terreno alagado. E essa água alimenta nossa tradicional lagoa de Carapebus”, aponta.
Concessionária acha responsável pelo descarte, mas não revela quem é
Em nota à reportagem, a Cesan disse que identificou o responsável pelo descarte. Entretanto, não informou quem e nem se é alguma empreiteira que presta serviço para a concessionária. Nesta quinta-feira (2), os hidrômetros foram inspecionados e serão rastreados pelos seus números de série para identificarmos os responsáveis pelo descarte irregular.
“Reafirmamos que não foi a Cesan que descartou esse material. A empresa atua com respeito ao meio ambiente em todo o seu processo;essa não é uma prática da Companhia. O descarte de todo material – seja sucata de hidrômetro, de ferro ou pneus -se dá através de leilão público”, diz a nota.