Bruno Lyra
A mistura entre crise econômica nacional; paralisação da Samarco e a consequente redução das atividades de terceirizadas e fornecedoras instaladas na Serra; saída do centro de distribuição da Petrobrás; estagnação do mercado imobiliário local e o fim do Fundap, redundaram numa combinação venenosa para o mercado de trabalho no município: Em onze meses, 8.331 vagas de emprego foram fechadas.
O dado é do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e se refere ao período entre dezembro de 2015 e novembro de 2016. Em valores absolutos, o desempenho da Serra, que é considerada a locomotiva econômica do Estado, só não foi pior que o da capital, Vitória, que viu 8.701 vagas de trabalho serem fechadas no mesmo período.
O balanço do Caged aponta que entre dezembro de 2015 e novembro de 2016 foram contabilizadas 49.763 admissões e 58.094 demissões na Serra. Desta queda na geração de vagas com carteira assinada na Serra, 1.839 foi da indústria de transformação, o que representou 22,5% de todas as perdas de postos de trabalho do segmento no Estado.
A construção civil também teve queda radical: 1.908 carteiras assinadas a menos, 28% do todo ES. A prestação de serviços teve recuo de 3.108 carteiras assinadas, cerca de 20% do total do Estado.
Para José Carlos Zonatelli Queiroz, vice-presidente da Federação das Indústrias do ES (Findes), na Serra, o fato da cidade ser a mais industrializada e deter 23% do PIB capixaba explica os números elevados do desemprego, que acabam repercutindo nos demais setores da economia.
“Quando há retração econômica, a indústria puxa os números para baixo. Do mesmo jeito que os eleva quando há crescimento. Estamos num cenário difícil, na Serra há muitas empresas que prestam serviços aos principais players do estado, como Samarco e Petrobras. Com a paralisação da Samarco, terceirizadas que tinham 100, 150 colaboradores precisaram demitir. Isso aconteceu também com a redução das atividades da Petrobrás no estado”, explica.
Samarco e Petrobras podem puxar retomada
Para Zanotelli, apesar do cenário ainda muito negativo, 2017 pode ser um ano bom para a indústria e a geração de emprego na Serra.
“Os licenciamentos da Samarco em Mariana caminham para a resolução e a empresa pode retomar as atividades no 2º semestre”. Por parte da Petrobrás, a alta do barril de petróleo deve incentivar a empresa a retomar investimentos e fazer novos.
Enquanto esse novo cenário não acontece, Zanotelli diz que a Findes trabalha junto aos seus associados para que melhorem seus processos. “A ordem agora é sobreviver. As empresas precisam focar em aumento de produtividade, novos modelos de negócios, além da capacitação”, sintetiza.
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