Ayanne Karoline
Neste sábado (05), completa um ano do rompimento das barragens de rejeitos da extração de minério da Samarco (Vale + BHP Billiton) em Mariana – MG. Por consequência do desastre, as usinas de pelotização e as exportações da mineradora em Anchieta foram paralisadas na mesma época, com forte consequência para a economia da cidade do litoral sul capixaba, do Estado e também da Serra.
Só na unidade da Samarco em Anchieta, 1,2 mil trabalhadores perderam emprego. Antes de parar, a Samarco era a maior exportadora do ES e suas atividades representavam 6,5%do PIB estadual. No município da Serra, mais de R$ 300 milhões foram perdidos em contratos encerrados ou suspensos com prestadoras de serviço.
Segundo o responsável pela unidade da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) na Serra, José Carlos Zanotelli, os empregos também foram afetados. “O encerramento do vínculo com a mineradora levou as terceirizadas serranas a demitir cerca de 1 mil funcionários”, afirmou.
E os prejuízos não param por aí. Sem os contratos, o município deixou de arrecadar o imposto cobrado sobre a prestação de serviço, o ISSQN. “Só em 2016, cerca de R$ 15 milhões deixarão de ser recolhidos pela Prefeitura da Serra em reflexo da paralisação”, explicou Zanotelli.
A Samarco informou que pretende retomar as atividades em Anchieta, mas ainda não tem previsão de retorno.
“O impacto socioeconômico do acidente é uma preocupação e já vem sendo discutido com autoridades, fornecedores, empregados e sindicatos há vários meses. A empresa tem lembrado, reiteradamente, da importância da retomada de suas operações para a manutenção de empregos e geração de renda e tributos”, destacou a empresa por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa.
A nível estadual as consequências foram drásticas, a começar pela queda no PIB trimestral de 14%, se compararmos o segundo trimestre de 2016 com o terceiro trimestre de 2015 (época do rompimento das barragens). E também a previsão de que o PIB de 2016 do ES recue também 14%.
“Esse número pode ser explicado pela queda na produção da indústria extrativa, que deve grande parte à Samarco”, explicou a diretora presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Andrezza Rosalem.
PIB do ES recua 14 % sem a mineradora
Considerando as indústrias de petróleo, gás e minério, a queda no índice de produção chegou a 30% da época do rompimento das barragens até agosto deste ano. Andrezza explica que grande parte da baixa se deve a paralisação da produção da Samarco.
“Para ser ter uma ideia, em 2015, a mineradora era responsável por 47% da produção de pelotas de minério do Estado. Com sua paralisação, houve queda geral de 40% comparando o 2º trimestre de 2016 com o 3º trimestre de 2015”, detalhou.
As exportações também foram drasticamente afetadas. Segundo Andrezza, houve queda de 46 milhões de toneladas líquidas de minério de ferro para 27,98 milhões, comparando o mesmo período – setembro de 2016 com outubro de 2015. A queda em volume é de 61%. “Em outubro de 2015 o valor em exportações era de U$ 3,98 bilhões. Quase um ano depois, esse valor não ultrapassa U$ 1,56 bilhão”, disse.
Apesar dos impactos negativos, Andrezza acredita que o desastre provocado pela mineradora deixou uma reflexão importante sobre a busca pelo equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. “As empresas se viram frente à necessidade de se reinventar em relação ao ambientalmente correto, aplicando medidas de controle e buscando relações mais próximas com as comunidades que sofrem sua influência. Sem dúvidas ficou uma lição sobre mudança de atitude”, comentou.
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