Em um único final de semana, a Serra ganhou mais dois pré-candidatos a prefeito. Trata-se dos vereadores Aílton Rodrigues, popularmente conhecido como Pastor Aílton, pelo PSC; e Cabo Porto (atualmente no PSB), que recebeu convite do PSL de Bolsonaro para se filiar e se tornar candidato a prefeito em 2020. Isso não é uma realidade isolada; têm pipocado no município da Serra vários anúncios dessa natureza. Alguns mais encorpados que outros. Entretanto, diante das surpresas nas eleições de 2018 que elegeu ‘zebras’ como os governadores Wilson Witzel, no Rio, e Romeu Zema, em Minas, não se pode desconsiderar nenhuma possibilidade.
Em maio o TEMPO NOVO já tinha publicado um texto que trazia os nomes na pré-disputa e avaliava o cenário onde cada um estava incluso. Em pouco tempo, muita coisa já mudou, sintoma do calor vivido nos bastidores da política da Serra.
E não é para menos. Só para situar o leitor na magnitude de uma prefeitura igual a da Serra, que registra o segundo maior orçamento público do Estado (em 2019 a previsão é de R$ 1.7 bilhão); que tem caneta para nomear 1.000 cargos comissionados; e faz a gestão de 135 unidades de educação com 65 mil alunos (número maior que a população total de 66 dos 78 municípios capixabas) e pouco mais de 40 unidades de saúde que em 2018 somou mais de 3 milhões de atendimentos. A Serra é vitrine (ou deveria ser) para qualquer político que tenha pretensões de um dia governar o Estado.
Além desses breves números citados, o cenário eleitoral da Serra é muito sedutor sobretudo por uma razão bem simples: em 2020 encerra-se um ciclo de disputa direta entre o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e o ex-prefeito e atual deputado federal Sérgio Vidigal (PDT). E isso tem aberto os olhos da classe política capixaba.
De balões de ensaio até pré-candidatos que realmente tem tudo para estar na disputa, atualmente é possível contabilizar 14 nomes. E essa é a grande novidade, já que a Serra passou mais de duas décadas revezando Vidigal e Audifax na Prefeitura com poucos corajosos para se enfiar entre os gigantes.
A incógnita populista e também coringa eleitoral
A Serra é terra muito fértil para Amaro. O receio dele é ser desconstruído, tal como foi feito na capital em 2016, quando ele perdeu para o atual prefeito Luciano Rezende (Cidadania).
Acontece que na Serra não tem propaganda eleitoral na TV, a eleição é na rua e na internet, dois ‘lugares’ que Amaro se sai muito bem. O apresentador tem histórico de votações gordas por aqui, mesmo que ele pouco tenha realizado diretamente ao município na condição de político. As características do eleitoral da Serra torna uma candidatura de Amaro promissora: população de baixa renda (Vitória tem o dobro da renda per capita que Serra), em grande parte de evangélicos e também tem gente simpática ao populismo. Vale ressaltar que o PRB é o braço político da Igreja Universal.
Quero ser prefeito de novo, mas não pode falar com ninguém
Vidigal não trata do assunto publicamente, mas está com uma atividade de bastidor bem intensa. Por meio de aliados, enxerga-se com nitidez sua presença em eleições comunitárias de bairros. Recentemente ele fechou o escritório em Laranjeiras e abriu em Jacaraípe, lugar que remete às origens de Vidigal como político. Ele tem dialogado com muita gente e articulado com partidos, como PT e PPS.
Além disso, o deputado tem apostado em agendas positivas como a ordem de serviço dado pelo Governo Federal para a obra do Contorno do Mestre Álvaro e na transferência de recursos para o Hospital Materno Infantil, duas obras que ele tem vendido ao público como sendo de sua autoria na época em que foi prefeito. É cristalino afirmar que ele é candidatíssimo e deve manter essa posição mesmo com Amaro na disputa.
João Dória capixaba, caçador da esquerda e da EDP
Vandinho é um representante do movimento de direita no ES, espectro ideológico que tem pouco registro histórico na Serra. Se os ares de mudanças chegarem em 2020 tal como chegou em 2018, o deputado tem chances. Um de seus trunfos é o partido. Vandinho é presidente do PSDB, sigla que está se reinventando pelas mãos do governador paulista João Dória, do qual Vandinho não esconde a admiração. O PSDB é grande no ES e vai lançar muita gente na eleição, o deputado será o regente desse processo e vai angariar apoios em torno de si se valendo dessa máquina partidária.
E agora, Bruno? Ou monta no próprio cavalo ou fica sem garupa
Portanto, se Bruno não abrir o olho, pode ver seus planos políticos corroerem-se por dentro. Desde os anos 80, a família Lamas respira política da Serra, no entanto, sempre na condição de figurantes. Eram do grupo do ex-prefeito Motta, pularam para Vidigal, depois Audifax. E agora se veem numa encruzilhada, ou galopam seu próprio cavalo ou ficam sem garupa.
Na avaliação de muitos na Serra, Bruno precisa deixar a Setades e voltar para a Assembleia. Isso porque a Casa tem sido protagonista nas articulações políticas para 2020 pelas mãos do grupo do presidente Erick Musso (PRB). Ao deixar a Ales, Bruno se afastou do epicentro político e se vê preso em agendas internas, reuniões enfadonhas e demandas administrativas típicas de uma secretária burocrática. E agora Bruno? Vai ou não vai?
Como pelas bordas e para ganhar a Serra conto com o Serri
Inteirão na briga está Alexandre Xambinho (Rede, com malas prontas para o PRB de Amaro). Para este tudo é festa, afinal, se perder, ele já ganhou. Há poucos meses, Xambinho estava enfurnado numa Câmara desgastada, em meio a uma guerra sem precedentes com o Poder Executivo (leia-se Audifax), guerra essa que a população já dá sinais de ojeriza que tira a perspectiva política dos envolvidos. Xambinho se elegeu no limite da votação, ficou até os acréscimos do segundo tempo rezando e parece que Deus, ouviu suas preces.
Depois de Deus (já citado), Xambinho agradece aos aliados: Audifax e o habilidoso articulado político Flávio Serri. Este, por sinal, com baixa estatura que contradiz com sua astúcia, é conhecedor como poucos da dinâmica eleitoral da Serra e respira bastidor. Xambinho e Flávio se tornaram uma dupla que quer ganhar a Serra, seja diretamente, como candidato, ou indiretamente, como amigo do vencedor, que neste caso pode ser Amaro Neto do qual são aliadíssimos.
Se surfam muito bem no bastidor, Xambinho e Flávio agora precisam olhar para fora da redoma do backstage, ou seja, para os votos. Xambinho ainda não demonstrou desenvoltura na atividade parlamentar para poder se cacifar como pretenso prefeito. Neste quesito, Vandinho anda com passadas largas a frente de Xambinho. Mas, duvidar da dupla é coisa de gente descuidada.
Lula contra Bolsonaro versão Serra
PT e PSL também querem sentar na cadeira mágica. Após a queda, o PT quer se reinventar e nada melhor do que os velhos nomes. É o que defende uma ala do partido que tem feito conversas com a deputada Iriny Lopes no sentido de construir uma candidatura em torno da petista. Os empecilhos começam dentro do partido na Serra, que é dominado pelo vereador Aécio Leite.
O parlamentar quer dar o partido para Vidigal, mas outra ala quer candidatura própria. Esse embate pode ser o bastidor da eleição do PT em setembro e esta é a primeira barreira para Iriny ser candidata na Serra. Isso, claro, se ela topar a oferta. Lembrando que, de acordo com a Justiça Eleitoral, tem que se mudar para a Serra (assim como Amaro Neto).
Já do lado direitista, o PSL de Bolsonaro – pelas mãos do ex-deputado Carlos Manato – também quer colocar o bode na sala. Manato já deu várias declarações ao TEMPO NOVO que pode ser ele o candidato, poder ser Amaro com apoio do PSL e a mais recente, é o convite público feito ao polêmico vereador Cabo Porto, para se filiar no time bolsonarista e ser candidato a prefeito. Porto é militar linha dura, midiático e combina com o PSL. É uma junção que pode gerar perspectiva. Resta saber qual será o tamanho do capital eleitoral de Bolsonaro até o final de 2020, pois é uma relação umbilical: O PSL só existe porque Bolsonaro existe.
Goleiro, pastor, professores e coronel: tem para todos os gostos
Na classificação ‘balão de ensaio’ tem de tudo um pouco. Mas vale lembrar que não tem bobo aqui. Se der uma aberturinha a galera cai pra rua pedindo voto e num cenário imprevisível vai que dá ‘zebra’.
O penta campeão mundial de beach soccer, goleiro Mão, já disse que sonha em ser prefeito. Ocorre que está sem partido. Mão foi candidato a vereador em 2016, fez 429 votos. A experiência valeu para entender a dinâmica da eleição. Se não for candidato a prefeito, certamente é um nome para a Câmara.
No magistério tem dois professores ensaiando para ser prefeito. Artur Costa, pelo Solidariedade, e Renato Ribeiro, pelo Cidadania. No primeiro caso, aparenta ser um blefe típico do período pré-eleitoral, mas vai que rola. No segundo, Renato pode ser empurrado pelo tabuleiro. Para contextualizar o Cidadania e o PSB anda se acotovelando em Vitória, a aliança pode romper e por consequência deixar os socialistas de Casagrande a ver navio na Serra.
Da Câmara tem o vereador Aílton Rodrigues (PSC), popularmente conhecido como Pastor Aílton. O parlamentar com a maior desenvoltura na tribuna da Câmara, Pastor é a cola que une a oposição contra Audifax. Inteligente e sempre com retóricas na ponta da língua, ele sabe que é difícil manter a cabo essa candidatura, entretanto, é consenso que disposição o cabra tem. O Pastor é ligado a Vidigal, mas ficou mordido quando em 2018 o ex-prefeito soltou sua mão para empurrar a esposa (Sueli Vidigal) rumo a uma fracassada candidatura a deputada estadual. Sozinho, Pastor Aílton manteve sua candidatura, com as próprias pernas e com uma estrutura pequena, fez 6 mil votos. Ficou bem avaliado, podia ser deputado se não fosse a ‘travessura’ de Vidigal.
Por fim, mas de maneira alguma menos importante, está o coronel Nylton Rodrigues. Militar experiente de opiniões ponderadas e bem embasadas, Nylton saiu do radar político ao deixar a Secretária de Defesa Social da Serra. Ele era cotado para ser o nome de sucessão de Audifax, mas afastou (não em definitivo) essa tese. Na planície, sabe-se que o coronel não tira o olho daqui, se sobrar espaço, não se surpreendam ver Nylotn na briga.
O Novo quer um Zema capixaba, mas precisa ir no ‘povão’ também
O partido Novo da Serra está em êxtase: brigou, brigou, brigou e venceu. Conseguiu filiar 150 pessoas e vai abrir um diretório municipal. Esse é o primeiro passo para lançar prefeito. Agora começa o processo seletivo interno. A turma é animada, tem perspectiva, é um coletivo isomórfico entre jovens e experientes, uns aprendem com os outros.
Agora, precisam deixar as reuniões internas de lado, os Power Points apresentados dentro de restaurantes na orla de Jacaraípe e em Laranjeiras. Se quer crescer, na Serra é na rua e, claro, na internet. Tem que descer as baixadas, ir nas invasões, descomplicar os discursos e entregar um projeto palatável para uma população carente e que demanda muito do serviço público. Na Serra, há uma Viana de pessoas na linha da pobreza, não se pode desconsiderar determinadas realidades.
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