Por Clarice Poltronieri
Foi confirmado pela Secretaria Estadual de Saúde nesta terça (02) um caso de microcefalia em bebê nascido na Serra que pode estar associado à contaminação da mãe pelo zika vírus durante a gestação. O caso está sendo acompanhado pela secretária de Saúde do município que aguarda resultado de exames. O Ministério da Saúde decretou estado de emergência no último dia 11 por contra da proliferação do vírus no país.
Além do caso do bebê e sua mãe, cujo bairro onde residem não foi divulgado, há 21 outros casos suspeitos de zika no município. Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da Serra, Kelly Rose Areal, nenhum desses casos são em mulheres grávidas. A superintendente disse que o bebê nascido com microcefalia está sendo tratado como caso de importação.
“A mãe morava em Guarapari, onde engravidou e iniciou o pré-natal. Ao se mudar para a Serra e continuar o pré-natal, detectamos a microcefalia. O bebê nasceu no hospital Jayme, justamente por ser uma gravidez de risco. Mas ainda não há confirmação se foi caso de zika. A Prefeitura e o Estado estão acompanhando de perto este caso. Já alertamos a prefeitura de Guarapari”, conta.
O transmissor do zika vírus é o mosquito aedes aegypt, o mesmo responsável pela dengue.Segundo Kelly há focos do mosquito em todo município e os maiores são nas regiões de Laranjeiras e Jacaraípe. “Intensificamos as ações em pontos estratégicos, como ferros-velhos, cemitérios, valas e charcos, mas o problema ainda está nas residências”, afirma.
A superintendente acrescentou que além das ações de combate ao aedes aegypt, a prefeitura está capacitando médicos e funcionários dos postos de saúde para identificar e tratar os casos suspeitos de zika.
No estado, até o momento, já são 185 casos de suspeita da doença, com cinco confirmados (quatro em Vitória e um em Vila Velha). A Secretaria de Estado de Saúde recebeu até o dia 1º notificação de três bebês nascidos com microcefalia (em Colatina, Serra e Cariacica), 10 grávidas com doença exantemática (manchas vermelhas na pele) e oito gestantes com bebês com microcefalia. Os casos estão sendo investigados. As informações foram divulgadas pela Sesa em coletiva na última quarta (2).
Sintomas são parecidos com os da dengue
Os sintomas do zika vírus são parecidos com os da dengue: manchas com coceira, dor de cabeça e dor nos olhos, febre baixa (entre 37,5° e 38,5°). Caso haja algum desses sintomas, o paciente deve procurar o posto de saúde mais próximo. Embora raros, há registros de mortes provocadas pela doença. Mas a maior preocupação é com gestantes, já que o vírus provoca microcefalia, que é o crescimento anormal do cérebro no bebê, cujas consequências vão de retardamento mental a problemas motores.
Segundo Kelly, o maior risco é contrair o vírus nos três primeiros meses de gravidez, onde se desenvolve o cérebro da criança.
O Ministério da Saúde confirmou no último sábado (28) a relação entre o vírus zika e o surto de microcefalia. Em todo Brasil, são investigados 1.248 casos, em 14 estados e 311 municípios, para ver se há alguma relação com o zika. A orientação é que as gestantes evitem locais com muito mosquito e usem repelentes apropriados, cortinados e roupas compridas e fazer o pré-natal.
No estado não há ainda um local para análise do exame e confirmação da doença. Os exames são coletados e enviados para análise na Fundação Evandro Chagas, no Pará.