Até a manhã desta quarta-feira (06) Vila Velha tinha 866 casos da covid-19, a cidade com mais casos no ES. Serra, em segundo lugar, contabilizava 711 pacientes com teste positivo. Porém outro dado chama atenção: a diferença da letalidade da doença entre os dois municípios. Enquanto no município canela verde – epicentro inicial da doença no ES – 24 pessoas já perderam a vida para o coronavírus, na Serra esse número é quase o dobro: 45 mortos.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a taxa de mortalidade na Serra é de 6,33% dos infectados. Número muito superior não só a Vila Velha, que tem 2,77%, mas também às vizinhas Vitória com 3,43% de taxa e 24 mortes, e Cariacica com 2,99% de taxa e 14 óbitos. No Estado a taxa média de mortalidade é de 3,76%, num total de 133 óbitos e mais de 3,5 mil infecções confirmadas.
A Serra não lidera apenas o número total de mortes com quase o dobro das segundas colocadas Vila Velha e Vitória, como tem também a maior taxa de mortalidade entre os municípios capixabas mais populosos. E aí estão incluídas as interioranas Guarapari, Colatina, Linhares, São Mateus e Aracruz.
Vale lembrar que na Serra estão os dois principais hospitais públicos de referência no ES para tratamento da covid-19: o Jayme Santos Neves e o Dório Silva. Ontem (05) na Av. Central de Laranjeiras o movimento de pessoas era intenso para um período em que o isolamento social é necessário. Havia filas e aglomerações nas portas dos bancos. Algumas lojas estavam abertas, camelôs tinham suas bancas armadas e não era raro encontrar gente sem máscara. No entanto o problema da falta de isolamento social e de cuidados básico por parte de algumas pessoas também acontece nas cidades vizinhas.
Secretário diz que subnotificação influencia taxa de mortalidade
Por email, o secretário de Saúde da Serra, Alexandre Viana, fez uma avaliação sobre o fato da cidade ter mais mortes e taxa de mortalidade bem maior que a dos municípios vizinhos. Para Alexandre, a relação da taxa de letalidade com a subnotificação de casos tem a ver com seu resultado imediato.
“O Brasil é reconhecidamente um país com baixíssima quantidade de aplicação de testes. Quanto menor o número de testes, maior a taxa de letalidade. Além do que, o município da Serra é reconhecido como de bom a ótimo na eficácia dos seus exames. Poucos dos nossos exames são descartados pelo laboratório estadual”, argumenta.
Alexandre ressaltou que o município segue normas rígidas na aplicação dos testes, realizando somente em pacientes que se apresentam dentro do preconizado com sintomas mais graves, gerando incidência de maior taxa de letalidade.
“Outro aspecto importante é que nossos óbitos se encontram na faixa etária naturalmente mais suscetível, ou seja, os idosos. Mais um indicativo de que nossos testes estão sendo realizados dentro dos principais grupos de risco, que, além dos idosos, são os pacientes com algum tipo de comorbidade. Vale registrar que o nosso índice de recuperação é maior do que o do Estado, perdendo apenas para a capital, que possui uma população significativamente menor que a Serra”, esclareceu o secretário.
Tempo Novo também pediu avaliação da secretaria de Estado da Saúde sobre o fato da Serra ter taxa de mortalidade tão mais elevada que das outras cidades de porte da Grande Vitória. Mas até o momento da publicação dessa reportagem não obteve retorno.
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