Ana Paula Bonelli
Assassinatos, assaltos à mão armada, furtos no comércio e roubos de veículos. Esses são alguns crimes que assustam a população no cotidiano e segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Estado Espírito Santo (Sindipol), não estão caindo.
A afirmação é de Jorge Emílio Leal, presidente da entidade, ao comentar a declaração do secretário de Defesa Social da Serra, Jailson Miranda, de que o número de homicídios e outras ocorrências diminuíram na Serra.
Em entrevista ao Tempo Novo no último dia 18 de outubro, Jailson, que também é coronel da PM, disse que desde que a Lei de Fechamento de Bares entrou em vigor na Serra, em 2015, o número de crimes caiu na cidade. “Houve uma diminuição após a implementação da lei, de 65,9 homicídios por cem mil habitantes, estamos para 54 homicídios por cem mil habitantes”. O secretário também fala em queda na redução de crimes contra patrimônio como furto de pessoa em via pública, -40%.
Emílio discorda do secretário e disse que o que pode estar acontecendo é uma máscara na divulgação das estatísticas. “Estes dados podem estar mascarados em razão de vários fatores. Um deles é o impedimento da sociedade de ter acesso aos órgãos policiais. Na Serra, várias delegacias foram fechadas, concentrando tudo na Serra-Sede, Jacaraípe, ou Laranjeiras. Aí o trabalhador tem dificuldade de se locomover pela longa distância e registrar os crimes. O crime não diminuiu. O que diminuiu foi o acesso da sociedade ao registro de boletim de ocorrência. No caso de furtos e roubos de veículos o Estado pulverizou em qualquer unidade policial e online. Se perdeu o controle dos dados estatísticos. Antigamente, quando era concentrado, nós sabíamos. Agora só quem tem o controle disso é a Secretaria de Estado de Segurança Pública do ES”, pontua.
O aumento da sensação de insegurança da população, não só da Serra, mas de quase todo o estado, coincidiu com o aquartelamento da PM em fevereiro último. E com o desmonte de programas de assistência social vindos do governo federal. Neste quesito a Serra só recebeu este ano R$ 1,7 milhões dos R$ 4,4 milhões de repasses pactuados e cortou cerca de 20% do Bolsa Família, segundo a secretária de Assistência Social do município, Elcimara Rangel.
Mas para Emílio, o principal problema está na estrutura da segurança pública. “Quem trafica ou mata só será impedido com aparato efetivo de segurança pública, tanto no policiamento preventivo e ostensivo, como no combate com um policiamento repressivo e investigativo. Esse criminoso tem que ser entregue a justiça”, conclui.
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