A Associação Comercial e Empresarial de Serra Sede (ACESS) é umas das organizações sociais mais ativas na cidade. Idealizada com o sentido de reivindicar o protagonismo no desenvolvimento do município, a instituição defende investimentos, além da permanência de órgão públicos na sede. Nesta entrevista o representante da ACESS, o empresário Edson Quintino detalha os planos para a porção central da cidade, defende o isolamento social para combater o coronavírus e busca um projeto político local do qual “repudia” candidaturas a prefeito de fora do município, tais como o deputado Amaro Neto (PRB).
TN -Quais perspectivas de desenvolvimento para a Distrito da Serra Sede que a ACESS estima para os próximos anos?
Edson Quintino -Em primeiro lugar é importante dizer do papel histórico que a ACESS joga no atual cenário politico, econômico e humanístico da Serra. A Sede, por ser berço do processo civilizatório da cidade e até do ES, com o processo de industrialização iniciado na década de 60, perdeu o protagonismo e outrora e nos últimos anos experimentou o processo de esvaziamento, com a saída praticamente completa do fórum, em desrespeito a lei municipal 4237 que diz que os poderes municipais (judiciário, legislativo e executivo) estão obrigados a estarem e a permanecerem na Sede do município. Em segundo lugar, a partir do cumprimento da lei, é luta da ACESS ajudar a desenvolver projetos para que os quase 1/3 da população encontre aqui uma praça comercial desenvolvida, dinâmica, forte com oferta de comércios e serviços, assim como oferta de educação, esporte, turismo, cultura, lazer etc… para que os cidadãos não mais precisem se deslocar a outras praças por necessidade. Reivindicamos sistema viário publico com fluidez pra Sede, Contorno de São Domingos, o Teatro Municipal e Centro de Convenções, Campos Universitário e o novo estádio do Robertão, por exemplo..
TN – No que se consiste o projeto intitulado ‘Nova Serra Sede’? E quais as principais reinvindicações da instituição?
Edson Quintino – O projeto da Nova Serra Sede consiste em resgatar política, econômica e social o protagonismo do Distrito. Através de um processo ímpar de organização da sociedade civil, desatrelado do estamento; é papel da ACESS mostrar que o poder público em parceria com a iniciativa privada envolvendo a população, possamos desenvolver e dar conta de atender as carências do Distrito e contribuir para a reorganização da Serra. E aqui vai um recado a todos os postulantes para o próximo certame: que eles possam também ter uma visão de implantar os projetos de longo prazo, com ajuda da ACESS.
TN – Como o comércio da Sede está enfrentando a crise do coronavírus e o que é possível fazer, em termos de políticas públicas municipais para mitigar os impactos?
Edson Quintino – Como se trata de uma pandemia, salvo algumas irresponsabilidades, neste momento, o remédio mais eficaz é evitar aglomerações. A ACESS cumpre rigorosamente as orientações das autoridades como OMS, do Min. Da Saúde, Gov. do ES e da PMS. Os serviços essenciais estão funcionando. Como medidas mitigadoras, orientamos o nosso público através de lives (como a do dia 14/04/20, as 19h00), dos comunicados de prorrogações e isenções, de atenção aos direitos propostos nas três esferas de poder e assim esperamos que logo-logo possamos estar trabalhando em plena capacidade.
TN -O isolamento social é a política praticada pelos estados brasileiros para combater o contágio. Entretanto estima-se consequências na área económica. Qual é a orientação da ACESS para o comércio e empreendedores da Sede?
Edson Quintino – A politica praticada pelos estados brasileiros ao meu ver estão corretas visto que o único remédio até aqui é o isolamento social. Países como a Itália e EUA que não respeitaram os apelos da OMS, fizeram campanha de por exemplo “a Itália não pode parar”, não só parou, como experimentou a maior incidência da doença. Com os EUA o mesmo aconteceu. No Brasil, entramos numa curva ascendente perigosa porque além de ceifar vidas, poderá comprometer a atividade econômica por mais tempo com risco eminente de desemprego, de falências de desespero e em ultima analise, de convulsão social.
TN -Falando sobre eleição, que é um tema muito presente na vida da região da sede, como ACESS avalia candidatura de fora da Serra? Especialmente do deputado Amaro Neto que é visto com enorme potencial, mesmo não morando na cidade…
Edson Quintino – É curioso e paradoxal ao mesmo tempo o comportamento do Pref. Audifax neste processo sucessório. Como é sabido, em 02/10/18 a ACESS juntamente com outras entidades da sociedade civil organizada, fomos ás ruas com faixas, cartazes, com adesão completa do comércio da Sede, em histórica passeata do 5.000 pessoas, para reivindicar respeito às tradições e o resgate da importância econômica, para fazer valer a lei 4237. Paradoxal porque este balão de ensaio, não pode ir adiante porque o prefeito sabe que esta atitude tem o repudio da ACESS e de amplos setores da sociedade civil organizada serrana, até porque historicamente este processo político de importação de candidatura, na Serra, a historia mostra que não deu certo. Cito o caso do Dep. Antário Filho e da Senadora Rose de Freitas.
TN – Em algum momento o pré candidato Amaro Neto dialogou com a ACESS, que é um das organizações sociais mais atuantes na cidade e tem um agenda de desenvolvimento focada em uma região muito populosa?
Edson Quintino – Excelente pergunta! Em primeiro lugar, jamais como representante dos empreendedores da Serra Sede, a nossa instituição foi procurada para debater o assunto. Assim como não tenho notícia de que outros líderes e instituições foram procurados. O nosso repudio, tenho certeza que se alastrará até o cidadão comum, de que as lideranças locais têm capacidade de gerir a cidade. Além disso, não aceitamos mais nomes, em detrimento de projetos. Nomes importados, então, piorou! Não podemos incorrer nos mesmos vícios da política nacional que busca a todo momento o salvador da pátria. Portanto, a geopolítica não interessa aos empreendedores e aos cidadãos serranos.
TN – Na visão da instituição, qual interesse de políticos que não moram na cidade em querer governá-la?
Edson Quintino – Vejo porque trata-se da maior cidade do ES, beirando ao segundo maior orçamento do estado, e isto para políticos carreiristas, dá muito status. Além disto, o cargo de prefeito da Serra credencia o ocupante a ter influencia na governança do estado e o credencia a exercer forte papel na sucessão estadual de 2022. Neste sentido, aproveito a oportunidade para dizer que não aceitamos forasteiros nem continuístas e que Nova Serra Sede precisa da implantação dos projetos da Carta de Serra Sede de 02/10/18, porque não aceitamos a condição de periferia do Município da Serra.