O problema dos incêndios na área de turfa, que há três anos vem piorando o já poluído ar da cidade, pode ser bem mais complexo do que parece. O alerta é do biólogo e mestre em engenharia ambiental, Joãozito Amorim Júnior, que atua como professor do curso de Engenharia Civil da faculdade Multivix.
Segundo ele, o solo de turfa é formado por camada orgânica com restos de folhas, galhos e juncos (taboas) em brejos. “Essa camada, que está em fase de decomposição, pode ter de um a quarenta metros de profundidade. Como o fogo pega por baixo, onde não há muito oxigênio, a combustão é incompleta. Por isto a fumaça. Com a pouca quantidade de chuva dos últimos anos, piorou o risco de incêndio que pode ser tanto provocado quanto espontâneo”, explica.
O professor disse que há estudos geológicos sobre área de turfa em Campos, no norte de Rio de Janeiro, que apontam grande profundidade deste tipo de solo. Ele desconhece haver estudo semelhante na turfa ao redor do Mestre Álvaro, mas as características são semelhantes com as do norte fluminense.
“Não é uma região adequada para a ocupação. É preciso fiscalização mais eficiente contra os incêndios criminosos e tentar manter a área alagada. A escassez de água dificulta, por isto é preciso utilizar água de reuso (esgoto). Porém não se deve usar água salgada, pois isso vai danificar o solo a ponto de inviabilizar qualquer atividade ali”, alerta.
Joãozito acrescentou que se o problema não for resolvido, a fumaça pode ameaçar até as atividades da nova pista aeroporto de Vitória, uma vez que o novo sentido da pista (leste – oeste) forçará as aeronaves a trafegar em baixa altitude na região.
Audiência
Na próxima terça- feira (09), haverá uma audiência pública na Câmara de Vereadores da Serra para debater o problema da turfa. Será às 15h. A proponente é o vereador Aécio Leite (PT).