Problemas na Justiça e investigações do Ministério Público; radicalização das disputas internas e clima de denuncismo mútuo. Todo esse caldo político tem deixado os suplentes dos vereadores pra lá de animados com a Câmara da Serra. Publicamente,os discursos são de resiliência; mas, nos bastidores, sabe-se que tem suplente participando até de reuniões com outros vereadores.
Dos 23 parlamentares, ao menos três deles enfrentam ações na Justiça, cujos andamentos ameaçam seus mandatos. Dois, inclusive, já estão afastados. Trata-se de Nacib Haddad (PDT), que é acusado pelo Ministério Público de formar cartel de empresas para ganhar licitações. Denúncias que ele nega. E Neidia Maura (PSD), ex-presidente da Casa, afastada por improbidade administrativa.
Sobre Neidia, desde meados do ano passado, o suplente Fabão da Habitação (PSD) já assumiu a vaga e segue atuando na Câmara. Já Nacib, na semana passada, recebeu um duro golpe com a negativa do Tribunal de Justiça para seu retorno à Câmara; e agora, seu suplente, Wanildo Sarnaglia (Avante), pressiona o presidente Rodrigo Caldeira (Rede) pela sua posse no mandato.
“É obrigação do presidente da Câmara convocar; os cargos comissionados já foram exonerados. Então, a obrigação é do Caldeira me convocar. Isso se ele tiver interesse, né?”, disparou Wanildo.
Outro enrolado na Justiça é Geraldinho Feu Rosa, que enfrenta dois inquéritos do Ministério Público por suposta prática de rachid e nepotismo. Além disso, o vereador foi expulso do PSB por infidelidade partidária. Seu suplente é Fábio Latino Araújo (PSB).
“Se for convocado, em respeito aos 1.795 eleitores que confiaram a mim essa responsabilidade, me sinto preparado. E se acontecer, farei o meu melhor”, disse Latino.
Quem também pode assumir uma cadeira é o ex-vereador Antônio Boy do INSS (PDT). Ele é o segundo suplente na chapa que elegeu Nacib. Ocorre que outro vereador eleito pelo PDT, Fábio Duarte, enfrenta uma investigação na Câmara que o acusa de quebra de decoro parlamentar e pode resultar em cassação.
“É constrangedor assumir nessas condições, pois meu foco é 2020. Obtive 1.732 votos e estou preparado, caso seja convocado. Sou um homem de desafios e estou preparado”, disse Boy.
O líder comunitário Saulo Brum é suplente do vereador Guto Lorenzoni, que, após trocar o PP pela Rede em 2018, enfrenta uma ação que pode resultar na perda do mandato. Filiado ao PP, Brum comenta a situação.
“Guto saiu do PP e se filiou à Rede, e o Ministério Público Eleitoral entrou com ação pedindo a cassação do mandato dele. Estou aguardando, porque a Lei fala que se o mandato dele justamente for cassado, eu assumiria a vaga. Eu concordo com a ação, porque acredito que a Lei tem que ser cumprida”, explicou.
Contexto político
Desde o início da atual legislatura, a Câmara promoveu um largo histórico de problemas judiciais e houve até vereador detido por porte ilegal de arma. Entretanto, o contexto político tem potencializado o clima de denuncismo e faz com que suplentes fiquem mais atentos à Câmara.
A Serra enfrenta uma ruptura entre os Poderes constituídos. Um grupo de 16 oposicionistas que comandam a Câmara entrou em rota de colisão com o prefeito Audifax Barcelos (Rede), que rendeu até denúncia de que a Casa estaria sob controle do “crime organizado”, segundo Audifax. Acusações que Caldeira nega.
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