NICOLA PAMPLONA, IDIANA TOMAZELLI E LEONARDO VIECELI
Às vésperas da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes da Silva, disse nesta segunda-feira (20) que as taxas de juros no Brasil são “pornográficas” e incompatíveis com a situação fiscal do país.
Em seminário no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ele defendeu ainda uma reforma tributária que reduza a carga sobre a indústria a níveis mais próximos aos hoje oferecidos ao agronegócio.
“É inconcebível a atual taxa de juros hoje no Brasil”, afirmou, alegando que um país com dívida bruta equivalente a 73% do PIB e com reservas internacionais de US$ 370 bilhões (R$ 1,9 trilhão) não pode ser considerado um país com problema fiscal.
“Não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros do Brasil”, reforçou, em coro com outros participantes do evento, o primeiro seminário do banco sob a gestão Aloizio Mercadante, chamado “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século 21”.
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“Se não abaixarmos (os juros), de nada adiantará fazermos políticas industriais. Porque as principais políticas industriais, aquelas que são mais horizontais e, portanto, atingem o conjunto da economia, são justamente uma taxa de juros compatível e, obviamente, uma reforma tributária que crie isonomia entre os setores.”
Em pesquisa feita pela Reuters, economistas acreditam, porém, que O Banco Central vai insistir em sua postura agressiva, deixando a taxa Selic no nível mais alto em seis anos, ao mesmo tempo em que provavelmente afastará as esperanças de qualquer afrouxamento iminente da política monetária.
Nesta segunda, o boletim Focus do Banco Central traz avaliação semelhante. Os analistas consultados fizeram pequenos ajustes às suas projeções econômicas, mas seguem vendo manutenção da taxa básica de juros no atual patamar de 13,75% tanto na reunião desta semana quanto na de maio.
As previsões se mantêm mesmo diante das turbulências que passaram a afetar o setor bancário global nos últimos dias e diante de expectativas sobre o novo arcabouço fiscal, que vem sendo debatido entre a área econômica e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente da Fiesp afirmou que “qualquer estratégia para o desenvolvimento nacional passa por uma nova industrialização do Brasil”, em linha do que vem defendendo Mercadante. Ele citou que o setor já foi responsável por 30% do PIB e hoje é por de 12%.
Além do corte dos juros, defendeu redução da carga tributária sobre o setor que, segundo ele, responde por 30% de todos os impostos produzidos no país. “Da renda adicionada da indústria, 45% representam impostos. O agro, que é pop, que é tec, que é tudo, paga 5%.”
Além de carga tributária menor, acrescentou o presidente Fiesp, o agronegócio ainda dispõe de um plano de financiamento com subsídios que somam R$ 13 bilhões por ano. “Só nos ofereçam as mesmas condições que são oferecidas ao agro que teremos uma indústria pop, tec e tudo”, concluiu.