Por Eci Scardini
Fazer a Rede Sustentabilidade crescer e ser um partido competitivo nas eleições do ano que vem é o grande desafio do prefeito Audifax Barcelos, principal liderança do partido no ES. Exceto pela Prefeitura da Serra, até o momento a legenda se mantém em patamar inexpressivo no Estado, com apenas um deputado estadual e nove vereadores em todo o Estado.
O que diferencia a Rede hoje de mais de uma dezena de pequenos partidos é a sua linha programática e pragmática, mais alinhada à esquerda, que tem a preferência de parte da grande mídia, de intelectuais e de movimentos sociais, em detrimento de agremiações mais alinhadas à direita. E tem também a figura da líder do partido no âmbito nacional, Marina Silva, que até agora passou incólume pelo lamaçal de corrupção que assola o país.
Alguns fatores contribuem para que a Rede não deslanche na política nacional e estadual. No plano nacional falta ao partido uma pegada, uma vez que a sensação Marina já passou, e ela não deixou um legado a ser contemplado pelo eleitorado. A impressão que se tem é que ela, fora do período eleitoral, foge das grandes questões e não entra em ‘bola dividida’. E assim, para muitos passou de uma sensação a uma decepção.
Aqui no Estado o partido ainda parece pouco atrativo para as lideranças. Já foram feitos convites aos deputados estaduais, Da Vitória e Euclério Sampaio para trocarem o PDT pela Rede e nem a briga que esses dois mantém com o deputado Sérgio Vidigal (presidente regional do PDT) foi suficiente para que eles migrassem para a Rede.
O deputado Sérgio Majeski (PSDB) também foi convidado, mas ainda não deu resposta. Nos bastidores, comenta-se que podem não vir. É certo que o momento para trocar de partido, será apenas em março de 2018, porém, essa pouca adesão inicial, pode levantar dúvidas se a Rede alcançará um resultado satisfatório nas urnas no ano que vem. O partido vem trabalhando muito, mas ainda tem que mostrar a que veio.
Além disso, a Rede sofre um cerco por parte de outros partidos e lideranças, de forma a inibir o seu crescimento e deixar o prefeito Audifax do tamanho que está. O que inviabilizaria um possível voo para o Palácio Anchieta ou até mesmo sentar em uma das cadeiras de senador.
Em casa também é osso duro
O prefeito encontra dificuldades dentro da própria casa. A Rede da Serra está embolada em tamanho e qualidade com vários outros partidos; vive hoje um dilema de não ter um nome para disputar a eleição de deputado federal e conviver com a sombra do deputado e ex-prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, que encaminha para ter um caminhão de votos e garantir a sua reeleição como um dos mais votados do Estado.
Para resolver essa questão, algumas tentativas têm sido feitas, de convencer a vice-prefeita Márcia Lamas migrar para o Rede; mas aí entra em choque com um aliado importante que é o PSB. Caso Márcia aceitasse, seria um contraponto à candidatura de Vidigal. Há também a tentativa de ‘fabricar’ a candidatura do vereador Guto Lorenzoni (atual PP) para federal; o mesmo receberia uma importante secretaria, migraria do PP para o Rede e se aventurava em uma escuridão, com grandes chances de derrota e remota possibilidade de vitória.
Para deputado estadual ao que tudo indica o partido vai apostar suas fichas em Xambinho, entretanto o vereador não entrou ainda no radar das candidaturas mais bem estruturadas, como Bruno Lamas (PSB), Vandinho Leite (PSDB), Jamir Malini (PP) e Roberto Carlos.
Outro poderia ser Silas Maza, mas o prefeito deixou escapar, que poderia ser o nome da Rede para estadual, com amplas chances de vitória. Silas hoje é secretário adjunto da Casa Civil, no Governo do Estado e é um dos nomes que o governador Paulo Hartung (PMDB) conta para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa.