Em meio à pandemia causada pelo coronavírus, a categoria de técnicos e auxiliares de enfermagem do Vitória Apart Hospital, localizado em Boa Vista, na Serra, decidiu decretar greve na noite desta segunda-feira (1). Os trabalhadores decidiram pelo movimento durante assembleia geral e afirmam que “vão cruzar os braços”. Segundo eles, o protesto ocorrerá devido à falta de atenção da empresa em relação às reivindicações feitas e não atendidas.
Entre as pautas da greve, estão pedidos de: EPI adequado, plano de saúde digno, escala de plantão igual ao dos enfermeiros, reajuste salarial, entre outros. De acordo com o Sindicato Técnicos e Auxiliares Enfermagem (Sitaen-ES), a direção do Vitória Apart Hospital negou todos os pedidos dos trabalhadores e, na proposta da empresa, ainda havia retirada de benefícios.
“É importante deixar claro que desde 2017 que os técnicos e auxiliares estão com os salários congelados. Os trabalhadores reclamam que, no período de pandemia, a carga de trabalho se tornou excessiva e a cobrança do hospital também.”, diz o Sitaen.
O sindicato afirma que vai respeitar a legislação e a greve só terá início daqui a 72 horas. Por conta disso, a categoria ainda irá se reunir dentro deste prazo para decidir como será feito o movimento.
Denúncia de coação
O Sitaen-ES também acionou o Ministério Público para denunciar o que classificam como ‘coação da empresa’. De acordo com nota divulgada pelo sindicato, o Vitória Apart Hospital teria tentado minar o movimento dos trabalhadores impondo um acordo individual de trabalho.
“Chefes chamaram, em conversa reservada, técnicos e auxiliares para que eles assinassem, sob pressão, o acordo coletivo sem os benefícios negociados pelo Sindicato. A tentativa atingiu apenas um pequeno grupo, principalmente, os recém contratados que assinaram com medo de perder o emprego”.
Por esse motivo, afirma o sindicato, que o Ministério Público do Trabalho e a Delegacia Regional do Trabalho foram acionados para denunciar essa coação. O Sitaen-ES afirma que diversos trabalhadores procuraram o sindicato dizendo que assinaram o acordo por medo. “Os técnicos e auxiliares assinaram um abaixo assinado denunciando essa prática de coação”, finaliza a nota.
O que diz o hospital?
Por meio de nota enviada ao TEMPO NOVO, a empresa esclareceu que sempre esteve aberta ao diálogo com seus colaboradores, buscando construir e zelar por relações respeitosas e de parceria. Sobre as demandas específicas do Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem do Espírito Santo, ressaltou que o hospital vem trabalhando, desde dezembro, para a efetivação do acordo, atendendo a maioria das reivindicações da categoria e indo além de uma proposta de convenção coletiva feita pela entidade sindical patronal.
“Entre os benefícios propostos, estão reajuste salarial e a manutenção da política de benefícios já praticada”, diz o texto da nota.
A empresa ainda acrescentou: “uma vez que o sindicato não se mostrou aberto a essas negociações, o Vitória Apart Hospital, para não comprometer a prestação de um serviço sabidamente essencial, propôs, nos termos da lei, a assinatura de acordos individuais. Tais acordos se anulam imediatamente, do ponto de vista jurídico, caso acordos ou convenções coletivas sejam posteriormente firmadas, não trazendo qualquer prejuízo aos signatários”.
Por fim, o Apart informou também que está tomando todas as medidas cabíveis para se valer de seu direito de evitar qualquer ação que possa prejudicar a assistência a seus pacientes ou qualquer tentativa de paralisação do serviço em plena pandemia.