“Tem gente interessada em causar pânico e boatos foram coordenados”, diz secretário de Segurança do ES

A segunda-feira (10) está sendo marcada por escolas e creches vazias; isso porque uma nova onda de boatos se espalhou, especialmente por meio de mensagens de aplicativos, dando conta de supostos atentados em escolas do Espírito Santo e da Serra. A onda de boatos coincidiu também com uma ocorrência registrada contra uma aluna nas dependências do curso de Direito da Ufes, em Vitória, que teria sido ameaçada por uma agressora no banheiro; causando um clima ainda maior de tensão.

A Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, por meio do secretário Coronel Ramalho, disse que até o momento não há nenhum sinal que aponte que tais ameaças sejam factíveis; disse também que foram registradas ocorrências similares em vários estados do Brasil, apontando a possibilidade de que tais boatos tenham sido coordenados.

“Nossas inteligências estão reunidas, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil e Bombeiros, além da nossa subsecretaria de Inteligência. Vamos identificar os responsáveis pela disseminação desses boatos, existem muitas pessoas interessadas em divulgar essas informações. A gente compreende com muita clareza e somos solidários com os responsáveis pelos alunos, mas tem gente interessada em causar pânico, vamos atuar nessas pessoas para identificar e prender, descobri da onde partiu as informações, de qual I.P. Inclusive as mesmas fotos  e as mesmas informações foram disseminadas em outros estados. Quem quiser fazer denúncia o canal oficial é o 181, e para emergências é o 190”, disse Coronel Ramalho.

De acordo com o secretário, até o momento as ameaças começaram a circular na noite desse último domingo (09) de maneira coordenada. “Queremos aqui tranquilizar os capixabas. Estamos atuando forte nessa questão por determinação do governador Renato Casagrande. Ao mesmo tempo que nós estamos investigando, nós vamos trabalhando para levar mais segurança às escolas. Não tem nenhum fundamento até agora que comprove esses ataques”, ratificou Ramalho.

Ele detalha que uma das ameaças registradas pela Secretaria de Segurança Pública foi em uma escola em que já foi até demolida. “Nós estamos apurando, mas não tem nada de concreto”.

Sobre a questão da Ufes, em que uma aluna foi ameaçada por uma mulher dentro do banheiro, utilizando uma faca, o secretário afirmou que está sendo investigado. “O fato acontecido na Ufes… estamos olhando, apurando, investigando para identificar o que de fato aconteceu, o que nós já fizemos é levar a tranquilidade para minimizar esse tipo de problema, que vem trazendo transtorno e preocupação paras famílias de todo o estado do Espírito Santo e de todo o Brasil”, disse.

Ufes já encaminhou imagens para a Polícia Civil

Em um primeiro momento, a Ufes emitiu uma nota em que afirmava se tratar de um caso específico envolvendo uma aluna. Entretanto, a própria vítima, colegas de turma e o Centro Acadêmico do curdo de Direito fizeram afirmações contrárias.

Segundo eles, uma mulher encapuzada teria adentrado nas dependências do prédio de Direito e feito uma abordagem a uma aluna dentro do banheiro. Ela estava com uma faca e teria afirmado que haveria um homem, que seria seu namorado, armado, e que ele iria “estourar a cabeça” da aluna, caso ela não entregasse o celular. Segundo um colega de turma, que falou ao Tempo Novo, com a movimentação suspeita, uma amiga da vítima entrou no banheiro, e foi nesse momento que a vítima conseguiu correr; durante esse momento, as turmas do curso entraram em pânico. A mulher não foi identificada.

Posteriormente, a Universidade publicou outra nota em que mudou o tom, afirmando estar preocupada com o ocorrido e dizendo que está colaborando com as investigações. “Sobre o fato ocorrido na manhã desta segunda-feira, 10, no campus de Goiabeiras, em que uma estudante da Ufes foi ameaçada, a Administração Central da Ufes informa que mobilizou os seguranças que atuam na Universidade e a Polícia Militar, que imediatamente compareceram ao local. Também formalizou denúncia à Policia Civil do Espírito Santo e está contribuindo para a elucidação do caso. Todas as imagens captadas pelo sistema de videomonitoramento foram encaminhadas à Polícia Civil, que é órgão responsável pela investigação”, disse a Ufes em nota.

E finaliza: “A Administração Central da Ufes expressa sua preocupação com o ocorrido e reforça que está atenta para manter a segurança da comunidade acadêmica por meio do monitoramento dos espaços e da integração da segurança da Universidade com a Polícia Militar. Também manifesta solidariedade aos estudantes, professores diretamente afetados e familiares, e reafirma seu compromisso de mobilizar todos os esforços para que situações como esta não se repitam na Ufes ou em qualquer instituição educacional”.

Foto utilizada em ameaças foi retirada da internet

Na manhã dessa segunda–feira mensagens foram compartilhadas via WhatsApp contendo uma foto de uma arma de fogo e facas juntamente com informações de que haveria um atentado no Espírito Santo. Em uma pesquisa realizada pela reportagem do Jornal Tempo Novo, revela-se que a imagem que tem sido compartilhada foi encontrada no Google, ou seja, trata-se de uma imagem que já circula na web há muito tempo.

Porém, as informações causaram um esvaziamento nas escolas estaduais e municipais da Serra. Boa parte das famílias não deixou os estudantes irem para as unidades escolares por conta do medo gerado pelos boatos que circulam na internet.

No entanto, as aulas seguem normais e a segurança está reforçada, de acordo com a prefeitura. Vídeos e fotos enviadas por leitores do Jornal Tempo Novo mostram escolas municipais e estaduais com salas de aulas vazias.

A Secretaria Municipal de Educação (Sedu) afirmou que as aulas seguem acontecendo normalmente em todas as unidades de ensino. Já a Prefeitura da Serra destacou que equipes da Guarda Civil Municipal estão atuando desde cedo nas escolas. Os agentes estão realizando patrulhamento e visitas tranquilizadoras para garantia das aulas com segurança para os alunos e profissionais das unidades escolares.