Ayanne Karoline
Com uma realidade onde um entre cinco habitantes sobrevive com R$ 170 ou menos por mês, a Serra é uma cidade bem vulnerável ao agravamento de problemas sociais em tempos de crise econômica. Um dos piores dramas é o da fome. E na percepção de quem mora em diversas regiões da cidade está aumentando, pois segundo moradores há cada vez mais pessoas pedindo comida nas ruas e casas.
A empresária Fabrícia Fávero, que tem uma loja de cosméticos em Jacaraípe, conta que em dois anos ela viu aumentar os pedintes na avenida Abdo Saad. Segundo ela, são homens, mulheres e até adolescentes. “Perto da minha loja tem uma lanchonete. Muitas vezes eu já faço sinal para o dono, que me conhece, para que deixe a pessoa comer algo e depois eu pago”, conta.
Segundo Fabrícia, os pedintes vão desde moradores de rua até quem relatam ter casa e emprego, mas que a renda não está dando. Já a publicitária Rafaela Araújo, que atende clientes em Laranjeiras, conta que tem visto com freqüência cada vez maior pessoas pedindo comida pronta ou mantimentos não perecíveis perto de supermercados e restaurante. “Fica até mais fácil de ajudar assim, porque já dá para comprar algo de comer no estabelecimento. Até porque há receio em dar dinheiro”, explica.
Dados da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), apontam que em 2017 existiam na Serra, cerca de 100 mil pessoas na linha da pobreza, grupo onde a renda por pessoa é menor a R$ 170 por mês. Desses, 32 mil vivem com R$ 85 ou menos, que é a extrema pobreza.