Atuando na Serra há mais de 10 anos, a Promotora de Justiça Maria Clara Mendonça Perim está entre os seis candidatos à vaga de Procurador-Geral do Ministério Público do Espírito Santo. Maria Clara atua na 13ª Promotoria de Justiça Cível da Serra, focada na defesa do patrimônio público. Sua candidatura é considerada independente, ou seja, sem vínculos estreitos com personalidades que historicamente exerceram poder e influência na instituição.
O escolhido ocupará o cargo de chefia do MP-ES no biênio 2024-2026. O prazo para inscrição de candidatos encerrou-se nesta segunda-feira (29), e, além de Maria Clara, estão concorrendo: os promotores Danilo Raposo Lírio, Francisco Martínez Berdeal e Pedro Ivo de Sousa, bem como os procuradores Josemar Moreira e Marcello Queiroz. A votação ocorrerá no dia 22 de março, contando com um eleitorado de aproximadamente 300 promotores de Justiça e procuradores do Espírito Santo.
Nos bastidores, percebe-se um clima tenso e de disputas acirradas. Embora seja uma eleição de classe, ela interessa a todos os capixabas, visto que o Ministério Público é o guardião dos direitos dos cidadãos e dos interesses da sociedade. O processo eleitoral é complexo: cada eleitor, seja promotor ou procurador, pode emitir três votos, tendo a opção de votar duas ou três vezes no mesmo candidato.
Após a contagem dos votos, os três candidatos mais votados formarão uma lista tríplice, que será apresentada ao chefe do Poder Executivo Estadual, atualmente o Governador Renato Casagrande (PSB). Portanto, é uma eleição que também possui elementos políticos intrincados. Casagrande tem a liberdade de escolher qualquer um dos três nomes da lista tríplice, independentemente da quantidade de votos que receberam. Ele terá cerca de um mês para tomar sua decisão, já que a posse do novo Procurador-Geral de Justiça está marcada para o dia 2 de maio.
Esta eleição também tem uma característica diferente das anteriores. Isso se deve ao fato de que o grupo liderado pelo ex-promotor e atual desembargador Eder Pontes se dividiu, entrando em rota de colisão com a atual Procuradora-Geral de Justiça, Luciana Andrade. Este grupo mantém a hegemonia na instituição há 12 anos, e Luciana não está apta a se candidatar novamente. Assim, diversas correntes internas do MP-ES veem este cenário como uma janela de oportunidade para a renovação da liderança da instituição.
Maria Clara já vinha se articulando para sua candidatura há algum tempo. Em 2021, ela participou da escolha para uma vaga de desembargador, conseguindo votos suficientes para figurar na lista tríplice, o que foi considerado um sinal de sua força e articulação interna. Naquela ocasião, Casagrande optou por Eder Pontes para a função, decisão que já era vista como cristalina na época.
A atuação de Maria Clara na Serra tem sido marcada pela colaboração frequente com os poderes Executivo e Legislativo municipais, especialmente em projetos de interesse social. Entre eles, destaca-se o Fórum de Integridade e Participação Social dos Poderes Legislativos Municipais, coordenado pela promotora. Este projeto definiu critérios e metodologias para avaliar o desempenho dos vereadores da Serra, premiando-os de acordo com suas pontuações, uma iniciativa pioneira no país.
Mais recentemente, ela participou ativamente do Projeto de Fomento e Acompanhamento da Implementação do Orçamento da Criança e do Adolescente (OCA). Este projeto é um portal online que compila dados e informações de diversos setores da Prefeitura relativos a investimentos para o público infantojuvenil. O objetivo é dimensionar efetivamente o tamanho dos recursos destinados a esse público no orçamento municipal, uma vez que estes dados não eram totalmente conhecidos por estarem distribuídos de maneira descentralizada entre várias secretarias.
Através das redes sociais, a promotora anunciou sua candidatura: “Esse ato é um passo na concretização de um Ministério Público reconhecido, estruturado e valorizado para realizar ainda mais a sua vocação de efetivar direitos na vida real. Só tenho a agradecer a todos que têm contribuído na construção sólida e coletiva de um projeto de gestão capaz de orgulhar cada Promotor(a) e Procurador(a) de Justiça do Estado do Espírito Santo”, disse.